sábado, 25 de dezembro de 2010

Tempo de mudar

As baratas moviam seus pares de patas rapidamente na calçada. Passos lentos e cansados quebravam o silêncio da madrugada. Os pés iam atritando com o asfalto, do mesmo modo que os pensamentos iam se atritando com o pessimismo e com os sonhos. Sua mente vagava como um mendigo bêbado que não mais sabia o que fazer da vida. Nem mesmo ela sabia, de fato.

Respirava fundo enquanto carregava uma pequena mala, que balançava como um pêndulo. Seria o relógio da vida, talvez? Movia em tal velocidade que, realmente, não duvidava. Aquele ano havia voado. Uma hora estava a comer romãs, esperançosa ao olhar os poucos fogos que a pequena cidade preparara. Outra, guardava rancor pelos que haviam a machucado pelo caminho. Chutando as pedrinhas que ficavam aleatoriamente pelo caminho, deixava de lado alguns problemas. Lembrara de alguns ao notar uma goma de mascar velha grudada em sua sola. E pelo jeito, aquilo parecia não sair de jeito nenhum . Buscava respostas para seu "lead", mas essas pareciam impossíveis de se achar.

Point cheio, rua lotada. Uns já cambaleavam alegres segurando a sua milésima garrafa de cerveja. Via aqueles rostos desconhecidos sorrindo, despreocupados. Sorriu. Era hora de abrir a boca, olhar nos olhos, sorrir mais, sair mais, lutar mais pelos seus sonhos. Era hora de mudar. Era a hora de me encontrar.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Coisas da Madrugada

Abriu a porta, jeitosamente. Pisou no chão, quietosamente. Rodou a chave, silenciosamente. Bateu o portão, carinhosamente. Fugiu, bebadassamente. “C e U”, como diria Waldo Motta.

Não confio mais em nada, nem no silêncio da madrugada.

Nada é mais como antigamente. Minha geração não tem movimento literário.

Poft, puft, nham. Estourou, e agora Josefa? Corre! Sebo nas canelas e nos cabelos. Fez besteira, vomitou besteira. Está aí a cria.

Ele apontou pra lá, apontou pra cá, quase que nasce verruga. Riu e riu e “trollou”. Posso defenestrar agora?

Para comprar a Ice da escapada de toda a semana vendeu ingresso do Restart.

Onde está Suruleia?

Um dançou Lady Gaga e o outro chorou.

A falta de uma letra já transforma a palavra em besteira. Desnecessariamente necessário para alguns. Gosou dessa?

Achei a figurinha! Vale repetida? Pensando bem...Então ela rasgou e jogou no lixo. Fim de papo.

Bafo, Bafo, Bafo , Arriu, Arriu, Arriu

Vou na Puta del Leste, um beijo.

Annoying Palito, prazer.

“Perdi dois quilos jogando Nitendo Wii”. Vi na revista.

Boca do Inferno, apetite de cão.

Chocomia? Não, chocolate.

Deram tiro de descarga de carro. Mendigo dormia que nem pedra. Meretriz na rua pra lá e pra cá. Nuvem de fumaça vindo do Ilha. Era de sábado pra domingo.

Homem cabeludo, sabonete hamster.

Vamos habibar muchachos?



(‎domingo, ‎5‎ de ‎dezembro‎ de ‎2010, ‏‎02:46:55)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Cenas de um dia qualquer

A máquina passava suavemente pelos caminhos. Os fios não tão grandes assim caiam como árvores sendo derrubadas em plena Amazônia. Um menino com enorme jaleco apressadamente varria o estrago. O moço já sentia falta dos cabelos.

- Aí Tonico! Uma belezura.

- Tem certeza mesmo?

- Absoluta. Quer ver no espelho?

Tonico fez sinal positivo. O dono da espelunca entregou o espelho ao funcionário. O garotinho chiou quando Seu Mameluco pisou sem querer em sua perna. O velho ranzinza rosnou e cutucou a criança com a bengala.

- Vai trabalhar, desgraça!

- Ô pai, pega leve com ele.

- Isso que dá ficar mimando filho alheio. Ainda mais de Chico Olho Gordo!

Uesley era filho do vereador. Em plenos dez, onze anos, reclamava da vida por completo. Insatisfeito com a ingratidão, Chico mandou a criatura trabalhar. E lá estava tropeçando no jaleco e caindo no chão. Tonico não aguentou e soltou a risada. Eis que então surge Lizete vestindo um vestido florido e curto. Seu Mameluco desperta do sono e olha, doido.

- O senhor tire os olhos de minha irmã!

- Uma olhadinha não faz mal. Qualquer um olha, oras.

Tonico fitou a barbearia inteira olhando. Uesley quase que cai de novo. O jovem paga o velho e dá uma moedinha para a criança. Pega a irmã no braço e a leva para fora do estabelecimento, carregando seu capacete. Era motoboy.

- Que porcaria é essa mulher? – disse, puxando o braço dela.

- Deixa de ser grosso! – se soltou e apontou com o indicador na cara dele – Escuta aqui Ton...Você acha que tem esse direito todo? – foi e voltou na calçada, como se estivesse desfilando – É o vestido de Cidinha. Vesti para ver se estava bom.

- Duvido! Ela não tem um corpo assim.

- Duvida né? Venha cá para a casa de Cidinha – disse andando em direção a casa.

- Não posso – sentou na moto e riu – Tenho que trabalhar.

- Se fosse para trabalhar já estava nas ruas desde manhã.

- Tive que fazer um bocado de coisas.

- Bater papo é por acaso muito o que fazer?

- Bem... - colocou o capacete olhando para a avenida – Tinha assuntos pendentes.

- Fingirei que acredito nas suas desculpas esfarrapadas de sempre – se aproximou novamente da barbearia e sorriu – Pegarei minha tesoura que Seu Mameluco não quis devolver e vou na Cidinha mesmo assim.

Tonico, já possesso com a mais velha, acenou com a cabeça, ligou as economias de três anos e foi embora. Lizete imediatamente fez sinal para Uesley. Enquanto isso tirou uma folha de papel do pomposo decote e escreveu com a caneta que prendia seus cabelos palha de aço. Olho Gordo Junior abriu a porta, pegou o papel em meio as risadinhas sutis dela. Correu para dentro e entregou que nem pombo correio. Filho de Seu Mameluco sorriu e saiu.

Josué não era bem dotado de aparência. A barba crescia de um jeito irregular, mas dizia ser seu charme. Possuía uma cabeleira negra pingando óleo. Falava também que era charme. Mas não negava que depilar as pernas não era. Tanto que vivia de calça. Na verdade, nem tanto.

- Não ia na Cidinha?

- Cidinha? Aquela baleia? Essa roupa era – roda lentamente, exibindo a roupa e atributos – para você.

- Para mim? – disse em tom sutil enquanto a envolvia.

Seu Mameluco resolveu ir na calçada respirar ar fresco enquanto tomava seu copo de vinho barato. Enquanto isso apreciaria as belas jovens da escola católica e suas saias. Pena que a católica fervorosa Dona Zuzu não estava lá. Era finada e possuía uma bela gargalhada.

O “toc toc” da bengala antiga e resistente fazia o som da máquina de barbear passar despercebido. A quase inexistente força do grisalho senhor era despejada no pedaço de madeira. Ao escutarem o som cada vez mais se aproximando, Lizete e Josué sumiram como vultos na multidão. Foi bem a tempo de Seu Mameluco colocar os óculos na face. Bem a tempo também dele perceber que não havia nenhuma garota na rua, só homens suados voltando da fábrica. Voltou para o estabelecimento com o copo de cachaça com vinho meio cheio, meio vazio.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Página em branco

Uma página em branco. Tudo pode acontecer com uma página em branco. Tudo pode acontecer em uma página em branco. É questão de tempo para que uma hora a brancura hipnotize alguém, ou talvez o simples fato do útil chamasse mais atenção. Quem sabe ela não fique ali por mais tempo inutilizada? Se ela fosse algo concreto, será que alguém a amassaria por pura curiosidade ou diversão? Mas isso só se faz em uma folha qualquer, oras.

Talvez se possa fazer um risco, ou simplesmente um ponto. Mas em que lugar afinal colocaria? Será que eu poderia juntar vários desses tipos e formar palavras? Tolos! Para que gastar seus preciosos tempos cansando os dedos e os braços se um simples apertar de teclas resolve tudo? Tempo é dinheiro, já diziam os capitalistas. E como diria alguns, o tempo urge. Quando era pequena, falava que era ruge. Cresci mais um pouco e acabei por assistir a um show do Rouge. E Batom Rouge, é ou não a capital de Louisiana?

Então, traços coloridos surgem. Desenhos abstratos, talvez. É uma bagunça, um emaranhado de coisas. Vejo cores conhecidas, sujas. Vejo misturas, alegria. Algumas das danças da vida, talvez. Ou só uma pintura de uma criança inocente em meio a um mundo de falso carnaval. Vivemos em uma farsa, de fato, não concorda?
Talvez existam palavras camufladas de branco na página. Infelizmente, há ninguém que queira se preocupar com isso. É uma folha virtual em branco, oras. Mas se tivesse os números da Mega Sena? Aposto em pessoas morrendo pisoteadas, a imprensa toda concentrada e um notebook sambando nas mãos sujas dos ambiciosos. Afinal, dinheiro sempre é bem vindo. Algo utópico, não acha? Se acha, experimente jogar seu dinheiro pela janela e ver se alguém vai pegar. Ninguém, né? Ninguém quer perder tempo, afinal, tempo é dinheiro, não acha? Mas o que seria então aquelas pessoas festejando e pedindo mais? E o que seria aquelas duas comadres disputando uma cédula de dez reais aos tapas?

Talvez a folha contenha a chave para a sociedade viver em paz e harmonia. Curiosidade é tanta que seleciono e nada encontro. Talvez tenha apagado por engano por conta dessas outras mãos que querem tocar a resposta de tudo. Alvoroço novamente em meu canto. Talvez não exista nada. Possa ser que nem o Marxismo, nem o capitalismo e nem o anarquismo, nem qualquer outro seja a chave. Talvez quem pode nos salvar mesmo somos nós, seres humanos, terráqueos, imbecis.

E então a página continua em branco. Talvez seja minhas palavras que nada fluem. Talvez seja somente o homem insistindo em errar e querer apagar de novo. Uma hora o computador trava. Hora de passar um antivírus ou fazer um backup, não acha?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Escudo literário

Ouvi falar de ventos, ventos fortes, chuva, granizo. O assobio do qual lá fora era proveniente prevalecia em residência silenciosa. Sacode, sacode a fina cortina de seda que fura os olhos de tanta beleza e encanta a pele de tanta maciez! Clamava então a pobre e patética alma que se envolvia com os detalhes minuciosos do cômodo. Na sua mente vagava os comentários sem nenhuma necessidade, que logo em seguida eram digeridos junto do pedaço de biscoito que levava a boca.

- E o que ele faz?

- É médico recém-formado.

Médico?! Como ela podia comparar com grandiosa profissão, se perguntou em meio à confusão gerada. Segurou firme a xícara de café e olhou firme nos olhos do general. Este estava distraído com o copo de café majestoso que vinha em sua direção, preparado especialmente pela governanta. Em sua diagonal fitou uma mão coberta. A luva branca cabia perfeitamente como os pés nas sapatilhas negras. Deixou escapar um sorriso ao observar outro em sua direção. Parou de se queixar por a formosura ter ocultado sua verdadeira profissão.

- Pretende lecionar ou atender?

Hipnotizado deixou de ficar após a criada entrar batendo o pé no chão emitindo um ruído de cavalo trotando. Recordou das épocas douradas no Jóquei Clube com seu pai. Aos poucos estendeu mais a lembrança ao momento crucial de sua história passada. O bater dos pés mais firmes o assustaram.

- Perdão, poderia repetir?

O senhor ajeitou os óculos e respirou fundo. Repetiu em tom mais autoritário. O jovem ficou sem palavras, sem pensamentos. Eis que sai de sua boca...

- Lecionar.

Como assim lecionar?! Um homem de tantas palavras preferindo tocar em cadáveres e mostrar cada órgão? Agora havia mergulhado na mentira. Ó, se não fossem as doces palavras e o encantador sorriso da sujeita tão próxima! Uma ilusão alimentava outra, que alimentava outra, e mais outra. Nada tinha certeza se seria um dia dono daquelas terras, daquele sorriso, de um bigode de respeito. Ah se queria um bigode estampando em sua face como também um belo bíceps que marcava no seu humilde terno azul não tão humilde assim! O máximo que possuía era uma barba adolescente, sem valor algum, sem masculinidade alguma. O fracasso por enquanto era o fator mais nítido.

- Biologia ou química?

- Biologia.

Não era grande apreciador das ciências naturais. Vibrava somente com o abrir de um botão de rosa ou com a polinização de uma flor, fato que fazia quando visitava sua já idosa tia nas montanhas. Mergulhado em profunda nostalgia lembrou-se de quando dormia embaixo de um cajueiro segurando seus rascunhos, que logo escapuliram de seus braços e se misturaram as folhas secas de outono. Nunca mais recordava o que havia escrito naquele outono passado.

- Mas me diga meu jovem, queres o que com minha pequena?

De pequena não no tamanho, mas talvez na idade. A diferença era de um mês, dois meses, talvez de um ano, não sabia. Anos, anos... Não gostava da palavra. Talvez porque se viu noivo por um ano e depois foi jogado aos abutres. Pelo povoado no qual morava, era considerado um verdadeiro fracassado. Fracassado, fracasso, fracassado... As palavras se debatiam na mente já confusa. A mentira poderia novamente o afundar. Segurou o ar e sorriu em um tom tímido. O momento foi quebrado pela governanta chamando-os ao grande salão. Apresentação das jovens herdeiras.

A fria ventania havia cessado ao decorrer da melodia que embalava os atentos ouvidos. O pai orgulhoso apertava as mãos junto às luvas brancas da sua joia rara. Mas que joia, pensava o jovem ao vasculhar em seu bolso em busca de um mero lápis. Mero objeto, mera pessoa. Era completamente pessimista. Nadava os prantos da epiderme enquanto aguardava o doce som da voz feminina de sua amada. Quando chegou o momento, se acomodou na cadeira luxuosa.

- “Deixou o legado nas rosas. Sussurros primaveris em vento longe vão levando os devaneios de quem ferido foi pelas ervas daninhas. Vagará vendado em busca do futuro enfim. Visão ausente por completo, mas presente no coração que pulsa com firmeza está a jovem semente que a apertura usava como cobertor. Eis que o tudo muda ao doce encanto do alvo pássaro que surge e o guia. Nada mais importava, mas tudo poderia estar perdido por um simples erro. Nada como cimentar as rachaduras que se encontram no tortuoso caminho da vida.’’

Aplausos explodiram em meio ao silêncio. Um aperto de suadas mãos fez acordar para a realidade o autor de pequena obra. Um sorriso do portador de coração de pedra abria horizontes ao se encontrar com a visão turva e cansada do rapaz. Tocou no bigode, ajeitando-o. Já se esperava as consequências.

- Não precisa de um diploma. Já sabe que tem a capacidade de dissecar palavras, ideias, contextos. És um gênio, saiba disso.

Pelo menos uma vitória na vida estava garantida. Agora era só conseguir que as demais mentes pulsantes aprovassem o enternecimento de suas palavras e que em seus braços a querida criatura permanecesse. Difícil era crer na concretização dos sonhos, mas a busca não podia ser interrompida. Nada custa tentar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Niilismo

Muito pensei no que postaria no meu centésimo post. Não é algo de suma importância para ninguém, nem para mim, nem para as pirilampas(bons tempos!), nem para as calças super coloridas dos indefinidos seres do Restart, mas saber que já cheguei aonde cheguei me motiva, em certo ponto, a continuar. Talvez seja só um passo para alcançar um de meus objetivos, um de meus sonhos, mas talvez seja mais que isso. Em meio a tanta incerteza permaneci por muito tempo, de variadas formas. Porém, não é incerto uma coisa: amadureci.

Uma de minhas leitoras fervorosas, certo dia, resolveu alertar para alguns erros gramaticais que passaram despercebidos pelos cansados olhos de meu ser. Admirei o que fez: disponibilizou alguns minutos de sua vida lendo cada conto, cada poema, cada crônica, cada desabafo com atentos olhos. No final, mandou um lista com todos para meu e-mail. Abri feliz, já que alguém visava o bem estar de minhas ''obras''. Obviamente, sentei na frente da tela do computador e comecei a ler o blog desde o primeiro post.

Falar sobre o meu cotidiano de vestibulanda do vespertino fora o principal motivo do início dessa colcha de retalhos. E quantos retalhos! E comecei muito mal a fazê-la, sendo totalmente aberta e direta ao ponto. Minhas palavras pareciam infantis e sem brilho. Sentia meio que vergonha de olhar. Pelo menos, em meio ao acertar de erros, pude ver como foi gradativa a mudança em meio aos problemas. Senti minha linguagem ficando mais rica, meus textos e poemas com mais conteúdo.

Quando terminei a correção, haviam se passado quase duas horas. Quase duas horas de mergulhos em cada história que continha cada texto, cada desabafo, cada poema, cada coisa estranha que escrevi no passado tão próximo. E enquanto terminava de costurar um pouco a colcha, vi a satisfação do resultado e do andamento. Queria continuar a costurar aquilo por muito tempo. Eis que evidente fica o novo motivo: chegar perto e poder tocar em um dos meus sonhos. Quem sabe não torne realidade? Sonhos viram concretos bastando correr atrás.

E o que mais tenho a dizer? Há muita coisa por vir. Aguarde.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ameaça Inexplicável

Não aponte essa arma em mim, oh vil sujeito
Metralhadora destruidora de alegrias, não deixo
Língua afiada de patética víbora

Em chamas fica a ansiedade
Com boa máscara se faz arte
Em tais cenas, sinto nostalgia

Não temas, oh hiena astuta
Comedora de carniças se encontra
Mas de bazuca porta a resposta em plena loucura

Tire as vendas, verifique o edema
Do pulmão que respira, coisa pequena
Rombro da acidez da vida aclama

Audição ausente demonstra
Sinto repugnância, grande ânsia
E então bagunçou a realidade
Nada mais a comentar

domingo, 19 de setembro de 2010

Angustia

‘’Um grão, dois grãos, três grãos’’, era assim que contava. Blusa preta, calça preta saruel e uma sandália ensopada e coberta de areia fina e molhada próximo. Deitada estava portando seus olhos escuros, que escondiam o que doces olhos carregavam consigo. O mel do olhar atraiu o mais faminto urso. Este se escondeu atrás da castanheira, coberto por sua sombra centenária. Distraída estava observando pequena formiga a carregar outra. Inclinou a cabeça de um modo que não pudesse observar seu observador. Vibrou e sorriu de trás de tal angiosperma de avançadas idades o sujeito.

Não estava nem um pouco ensolarado, mas as acinzentadas nuvens agradavam ao estranho gosto. Deitou com a face para cima a fim de apreciar as melancólicas nuvens. O embalo da fria ventania em conjunto com o balançar dos galhos serviu como uma luva. Estava adormecida, mergulhada em devaneios. O desconhecido em passos largos e silenciosos ia se aproximando. Sentou em fofa camada há alguns metros dela. Sorriu e esperou que percebesse sua presença.

Amarga estava. Pior que o chocolate, pior que tudo. Cultivava lágrimas em sua face. De gotas, rio, de rio, cachoeira. Talvez uma grande hipérbole, talvez uma grande realidade. Ao acordar de repentino devaneio, sentiu o arder dos olhos. O gelado vento piorava e a realidade acinzentada ia embora. O azul do céu se misturou com a azulada camisa do ser a sua espera. Um susto era óbvio, de fato. Mais óbvio que tudo era a falta de reação na cena. Congelaram as palavras no ar, mas o cabelo recém-tingido em movimento ficou. Úmida novamente a face permaneceu. Gotas, rio, cachoeira, mar, oceano, tanto faz. Estava se afogando. Encontrou conforto em um abraço.

Tristeza em si foi mais atrativa. Faces conhecidas iam ao seu encontro demonstrando preocupação. Sensação diferente ao ver ali em meio a tanta agonia os sorrisos de quem queria seu bem. Vivia seu recente devaneio. Bom demais para ser verdade. Estava a olhar para a janela e a pensar:''será?''

domingo, 12 de setembro de 2010

Desgosto a parte

Diria, em primeiro lugar, patético. A pateticidade da futilidade me assusta, me irrita,de fato. E é claro a primeira e última impressão de seres (se é que podemos chamá-las assim) é que são grandes obsessivas por um inexistente, um imaginário concurso de beleza.

As lotadas faces com substâncias coloridas, negras e níveas exibiam traços ausentes.
Provavelmente serviam de belas máscaras do mais nobre material. Provavelmente serviam
para a face dos mais insanos palhaços. Palhaços, palhaças, nada mais se sabia. Com rios de produtos, a possibilidade de disfarçar até traços masculinos não era pequena. Mas, nesse caso, o que mais queriam mesmo era esconder imperfeições.

Afinal, de que adianta aparentar ser algo se não é? Por que se importar em viver uma verdadeira utopia em torno de uma imagem irreal? Por que não vivenciar a realidade, algo de fato concreto? Nada adianta se são farinha do mesmo saco, vinho da mesma pipa, doce do mesmo tacho. Se ao menos pudessem enxergar que o futuro que as espera é diferente.Pessoas cegas para a própria realidade costumam ver seu brilho desaparecer em um piscar de olhos. E a quem reconhece defeitos, vitória. O que é diferente é sempre melhor.

sábado, 11 de setembro de 2010

Quartetos da ignorância

Acefálico ser maldoso
Em suas mãos o mundo quer ter
O que mais perto está no alcance
Crava as garras e o resto deixa a morrer

Gentileza em pequenos gestos ignora
O que na ausência mostra, aclama
É abutre buscando alimento
É carniça da própria espécie

Quantos seres aos prantos fez ficar?
Quantos sujeitos hoje não tem luar?
No menu finalmente escolheu o prato
Garçom insatisfeito reclamou do ato

Dos mil Romeus, sapos
No seu brejo querem festejar
Já escolheu o mais medonho
Agora outros querem se matar

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aurífera realidade

Se profundo fosse o sonho
Até quando conseguiria suportar?
Um buraco escuro, mistério
Até quando iriam te deixar faltar ar?

Na mina achei tesouro
Pedra preciosa, ilusão
E de ilusões que vive o mundo
Os mais ambiciosos morrerão em solidão

Ouro de aluvião preferi buscar
Mas por lascas pés não ficam no chão
A vida é derrama que não querem apagar
Uma Inconfidência sem razão, ação

Por mais que use fortalezas
Das minhas mãos querem tirar
Seres preciosos de fato
Das minhas mãos querem escapar

sábado, 21 de agosto de 2010

Mergulhando em ilusões

Descia as escadas lentamente, fazendo com que seus pés ficassem firmes no chão. Flutuar em seus sonhos e desejos tiravam a pessoa do plano real e a arremessava no plano da pura imaginação. Procurando defeitos nas paredes, nos ladrilhos, notava minúsculas rachaduras que, aos montes, tiravam a beleza do ambiente. Eram antigas, mas ao alcance dos olhos encontrou outra, nova em folha. Parecia suas entranhas.

Como a justiça, vendada por um belo lenço branco, cega ficara. Mas não era o brilho ofuscante de felicidade alguma que provocava tal feito. A verdade era clara, a mentira também. Mentira, mentiras. E os olhos realmente vazaram. Seria pelo próprio bem ou pelo egoísmo com suas entranhas. Pobre coração!

Uma luta de espadas contra o relógio e o medo. Bom e velho amigo medo a assombrar a criatura, a aterrorizá-la. Quem dera poder esganar, tacar fogo, defenestrar, mas tais inimigos pareciam tão imortais quanto seus sonhos. Sonhos, medo, medo, sonhos. Contraditórios fatos a martelar e fazer entrar na conclusão que a cada dia entrava em uma nova ilusão.

Foi então que despertou. Havia adormecido em cima de livros e encartes de CD. Por pouco não se cortou com as finas folhas de um encarte novo. Tinha em mãos, um pouco amassada, uma folha já escrita com desabafos. O pequeno pug da família estava acomodado em um dos travesseiros já no décimo sétimo sono. Foi cambaleando até o cômodo mais próximo. Seu cabelo curto e bagunçado assustou ao ser avistado no espelho do banheiro, mas logo se recuperou. Lavou a face e abriu os olhos sonolentos. Se viu com hematomas. Olhou novamente pro espelho e concluiu:

- É, essa porcaria toda não foi um sonho mesmo. A realidade doi.

Então tocou a vida.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Refrigerante de cola

Não podia negar que gostava daquele desconhecido refrigerante de cola. Julgavam como Pepsi de pobre por conta do gosto adocicado. Pouco me importa o fato de só minha pessoa comprar tal bebida na cantina. Pouco me importava marcas. Como são tão burgueses!

Mergulhava nas páginas de História e então exalava sua essência. Passava muito longe do cheiro de biscoito de limão e do adocicado aroma do líquido ao meu lado armazenado em puro alumínio. Partes do livro pingavam sangue, chegando a formar uma poça. Era notável o aroma de algo apodrecendo. Talvez eram corpos de bravos guerreiros que lutaram em variados movimentos, revoltas, guerras em visível decomposição. Já considerava aquele livro um verdadeiro cemitério onde nobres seres e moribundos de coração dividiam inocentes vermes necessitando de alimentação.

Inevitável era passar as folhas em tom vinho sem que o sangue de inocentes se misturassem aos de corruptos. Fui logo distraída pela negra fumaça no alcance da visão. Novamente, com a passada de pedaços de papel devidamente cortados, emparelhados e amarrados, me deparei com uma Revolução. Aquele estúpido cheiro no qual as narinas gritavam por socorro e os olhos nadavam em mares salgados vinha de uma simples chaminé negra como uma noite sem estrelas.

Mergulhar no meu consciente era um costume inevitável. Ao recordar de uma noite sem estrelas, vi que a minha estava longe de faltá-las. Talvez meu sorriso prateado não tivesse nem comparação ao prateado de um luar esplendoroso, mas talvez o brilho seria tão ofuscante quanto. O horizonte sem fim não mais aparentava ser o limite. Seguiria em braçadas largas pelo mar da vida. Cada vez que a epiderme de meus braços fosse rodeada por água, saberia que pelo caminho haveria inúmeros obstáculos. Com erros e acertos mais aprenderia. Aprendendo mais, mais braçadas daria. Cada avanço, uma conquista. Sonhos com muito esforço poderiam se concretizar. E com a caída da lata no chão, acordei. Apesar de tudo, poderia então ser um tanto real.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Questão de Paz

Nutre o medo a falta de valor
O que vos cerca, víboras
Diga-se de passagem, o rancor
Então deixa no caminho atitudes mesquinhas
Em todos picam e sugam o amor

Nota-se insanidade nos olhos
Disfarça entre os dentes o ser invulgar
De nada esforço adiantará
Tinir de metais, uma conclusão
Estava pronto para levantar contra a pessoa uma revolução

De espadas os olhares servem
No pior dos movimentos, mais que um acerto
Faca de dois gumes, complicada situação
Escudo vejo nas grossas paredes de vidro
És de longe maléfico marido, então

Não aponte o dedo na face
Em meio a doçura, denota tristeza
Se diz paladino, bravo sujeito
Caraminholas não entram em nossas cabeças
Do cortês de longe desconheço, julgando ardor

Derrotas as cicatrizes estampam
Da escassez de grãos poeira se forma
E ao roçar narinas alergia provoca
Incômodo inquestionável era
Vive em paz falso rei a sete palmos da terra

sábado, 7 de agosto de 2010

Desafio

Há tempos que não abro os olhos
Pelo plano das ideias tanto vaguei
Visita ao mundo de sonhos fiz
E em meio à realidade acordei, infeliz

Dizem que insanidade é meu sobrenome
Nada posso fazer se na consciência tudo pesa
Costas envergadas estão
Dor lenta, dor pequena, dor mortal

Rainha do drama? Não permito
Julga sem saber do gradativo incômodo
Costas pesam devagarzinho, horror
Palavras de minha boca não saem, nada mudou

Eis de longe o desafio
Aos poucos agoniando a mente
Constante aflição
Maldito devaneio, constante dor

Quem dera ao menos companhia ter
Vazio no coração do doloroso ser
No lugar uma pedra
As costas pesam, a pedra aos poucos também

Estômago fraquinho, temia a dor
De longe tremia por nada
Sua boca não queria mais abrir
Nem para pedir calor, calor corpóreo

Olho o perfume atrativo no ar
Essência de rosas
Com certeza a com mais espinhos
E a cabeça vai pesando, as costas também

Nem ao menos longe fui
O perto nunca alcançarei
Desafio tornou-se impossível
E tudo pesa e a mente dorme novamente...infeliz!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Êxito

Oh vil sujeito
Não cobre a ela o apego
Egoísmo, grande amigo
Objeto de total desprezo

Audaz nunca há
Terra de tíbios anfíbios
Intoxicado está o menino
Há de se transformar

Infecto recluso de tanta irrisão
Alquebradas as suas musas
E então o viril aclama
''Que drama! Que drama!''

Coro da turba nítido
Constante perturbação
Consumado na agonia do ser
Solucionada com espectro em langor

E à bolina foi a mezena
Pélagos não atingem o experiente nauta
E de nada adianta cuidado
Fruto de desgosto terá de acalentar

domingo, 1 de agosto de 2010

Encanto de um devaneio

Raios refletem na janela de manhãzinha
O sol quer despertar nossas vidas
Por um só dia, pura alegria
Ideia um tanto genial

O prateado e o branco dos dentes se misturam
Refletem um dia algo de bravura
Loucura, no momento, escassa
Triste ilusão de um momento único

Flores coloriam os cabelos
Várias formas e cores
Devaneio por um dia só realizado
Breve causa, depois pequeno descuido

Tristeza das fofas nuvens caiu sobre a terra fresca
O doce de suas lágrimas adocicavam o coração
Antes pedra derreteu em solo fofo
Sozinha de novo estava em plena estrada

Não chegou a galope
Branco e o prateado se uniram novamente
Afagou a estranha personalidade
E com um ósculo, fechou

Tristeza ao acordar cedo de manhã
Brisa pelas rachaduras
Pouco conseguia abrir os olhos
Mas um novo dia começava
Outro devaneio feliz

Abandono do passado

Muito foi imaginado
Memórias dissolvidas em devaneios
Pensamentos perdidos no ar
Causas e consequências que se entrelaçam

Tilintar de talheres anuncia
Alimento farto por um só dia
Viver de agonia, todo dia
Suor de trabalho árduo

Quis enxergar um dia o mundo diferente
Propôs a mudança perfeita
Distância inevitável de quem busca futuro
Vida nova em um olhar gentil

Enganar, nada mais
Omitir a realidade, fato passado
Uma nova pessoa talvez
Por dentro ainda restos
Passado doloroso nunca mais
Nunca, mais

Outros

Calada da noite, dia de farra
Calor infernal, que nem brasa
Líquido descia queimando
Alegria inevitável

Não era ali a pessoa
Inocente rosto mostrou
Um bagunçado cabelo, maquiagem pesada
Estilo das roupas anormal
Não é pra qualquer um

Em meio de tragos e cinzas
Sorrisos forçados, provocando feridas
Loucuras, resultado ainda forçado
Resistentes ao poderoso álcool
Menos...ela

Perdida no mundo, vagando no espaço
Rostos desconhecidos, risos na face
Bafo de bebida claro
Exagero nas palavras, atos
Nada resolve besteiras

Caída no meio fio
Rostos até conhecidos somem
Amigos, nada são
Outros que te querem ver sofrer

Olhos fecham no profundo silêncio
Respiração dificulta
Desmaiada, profundo coma
Para o mundo, mais um mendigo na rua

sábado, 31 de julho de 2010

Solidão

Fartura de amizades não existem mais
Felicidade se esgota a cada segundo
Cretinismo a solta se encontra
Má sorte para todos os cantos
Consequência de tempos ruins

Um dia viram o branco dos dentes
Agora os lábios carnudos fechados
Secos e rachados
Como as entranhas de quem sofreu

Sobre coisas preferia nada dizer
Sua boca era túmulo
A mente vagava pelo vazio
Melancolia no ar

Um dia quem dera alguém
Resgatar daquilo tudo deveria
O príncipe virou sapo
E o personagem do devaneio, impossível
Possível, impossível
De nada mais sabia

A monotonia de sua vida aclama
Preso em um cubo deveria estar
Poucos para entender, acalmar, amar

Quem dera ao menos sair
Diversão, não queria fim
Nada podia fazer se também era um devaneio
E a benevolência encarecia com os tempos

Dor, que aos poucos chega
Carrega a alma, lhe enfia uma pontuda lança
Roda enquanto sorrisos aguardar o grito
Risos de quem está se divertindo tanto
Nada cala o estrondoso barulho

Monotonia do lar parece inevitável
Afeto, sorrisos, surpresas, emoções
Tudo era tão escasso
E a ferida aos poucos, fatal

Coisas que para muitos, banal
Irremissível seus próprios atos
De grande simpatia sentia falta
Aos poucos mergulhava em um profundo buraco

Dentro da dura carcaça
Amanteigado coração derretia
Água salgada aos poucos saia
Triste realidade
Tudo lhe abatia

A casca se soltava
Borboleta caia
Asas abertas como braços esperando o abraço
Morta pela solidão
Pisada pela amargura
Recebeu um cuspe de arrogância
Prato feito da macumba genial
Bom apetite!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ato de covardia do bandoleiro

Diria que é tudo
Nada agrada o paladar refinado
Se as verdinhas estão por perto
Para que se aventurar nos matagais?

Cobre das moedas nos fios
A tinta sai, mal pintado
Latão, puro latão
Enganação em suas mãos

Se uma navalha na mão é algo estranho
O que pinga dela, pior
O mais puro veneno
Misturados com lágrimas e dor

Passageiro ensanguentado, um sufoco
O corpo em terreno baldio foi deixado
Arame farpado, atravessado

Faltou ar para quem viu a cena
Pássaro distante perdeu sua pena
Marido e filhas morreram de amor

Investigando

O que podia dizer
Muda estava ali
O canto me servia de consolo
Tentava decifrar o mistério

Imprevistos deslocaram fatos
As páginas do livro não foram vistas
Há algo dentro da mente
Pensar nas possibilidades
Fracasso inevitável

O que a lupa não percebeu
Outros notaram
Acreditar na vista alheia
Nada bom
Hora de abrir mais os olhos

Pretenda ajudar
Atrapalhar, jamais
O que o vento levou,
Trouxe de volta
Ilusão de um devaneio
De novo não

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nada mais

Nada mais se resume a cena não vivida
Lábios ao encontro, alegria
Algo estranho se realizou

Nada mais seria tão gratificante
Do que olhar teu sorriso, ternura
Neste sim, reina a bravura
Um devaneio a se realizar

Nada mais seria tão certo
Figura medieval diferente
Anti-heroi, anti-cavaleiro
Aprisionado na ilha dos loucos será

Nada mais posso fazer
Uma pitada de Gregório vejo
Mas quem será esse cavaleiro distinto
Não tem cara de galantear

terça-feira, 27 de julho de 2010

Vazio

Lar vazio
Pessoas vazias se entre olhando
O que mais haveria de errado nisso?

Recheio de sonhos, loucuras
Os olhos, as chamas ofuscam
As unhas arranham o estofado
Nada, absolutamente nada

Sorrisos pequenos, maliciosos
Tão esperado momento, se cala
Ruídos suspeitos vindos da rua

Passos apressados
Sacolas, mil sacolas se rasgando
Por um segundo nada
Outro, um grande alvoroço

Respiração prende
A batida alerta
Eis aqui mais um

A liberdade foge pela porta
Nada suspeito, imagine
Cômodos revirados demonstrando algo errado
O vazio ficou pela metade

Recluso sem escolhas

Delicados dedos passam com voracidade
O ruído das folhas brancas anuncia
O dedo indica o caminho
Túnel sem fim, escuro
Destino ruim

O pequeno pônei pouco se importa
O dono, antes dono, domado foi
Doença que não o abala
Só mais um verme pro seu excremento
Inexistente dor

Eis aqui mais um
Acorrentado foi seu destino
E ao relento ficou
Pensando no que lhe esperava
Noites virou

Se esperava, nada sabe
Pequeno pônei domado de novo foi
Em troca de um alface fresco
Aos poucos cavalo virou

Se o sol parou de nascer quadrado
Nada mais restava para ele
Dinheiro era pouco
Pangaré, jegue, mula
Caberia o que o bolso aguentava
Vai saber o que lhe esperava

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Máscaras que caem

Papel machê, papelão, madeira
Molde de silicone, coisa assim, tanto faz
Na aparência, coisa majestosa
Quando cai, total decepção

Inevitável é o pranto
Sofrer por besteira não é
A tua falsidade é fato
Quem muito contou com você, perdeu

Qual é a vantagem disso?
Prazer em ver os vermes a rastejar
Em teus pés um dia pode ser tornar
Cobras venenosas com veneno a jorrar

Dizer que importa, fácil
Fazer algo, difícil
O que mais traz satisfação, ganhador
Quem conta com você, perdedor

Se um dia o veneno no sangue passar
Lágrimas de dor não curarão feridas
Saiba que um dia alguém se importou
Mas agora tão humilde pessoa
Sozinha ao relento ficará, agoniando

Dizer dos outros foi fácil
Reconhecer que fez o mesmo,
Ah, como foi difícil!

O mendicante

Buraco profundo
Esconde segredos
Atrevido ao relento
Remexendo os detritos se encontrou

Vazio escuro
Água empoçou
Os sonhos o balde levou
Cheio o pote da dor

Puxava sua vida nas costas
Marcas que um passado que pouco cortejou
Na sua língua, palavras
Nada se compara a esse circo de horror

Boeiros, esquinas, calçadas
Falta de papel, papel, papelão
O lar seja então a lata
Alimentação ao sujeito deu, fez questão

Boa noite desgraçado, boa noite!
Um dia quem sabe seus sonhos virão a tona
Nada resta, nada sobra
Consequências de uma sociedade cega

domingo, 25 de julho de 2010

Tempo

Resquícios como poeiras
Para de baixo do tapete varreu
Ácaro satisfeito se apresentou
Casa nova, feliz

Um só grão de polén
Vento esquecido o abandonou
Dentro da gota de orvalho ficou
Proteção assim acaba rápido

A velocidade que passa os dias
Andorinha por lá nunca mais voou
O rosa do pôr do sol distante ficou
Luto dos urubus no céu
A dor o tempo levou...embora
Tanto faz

Pseudo

Diga-se de passagem, oh pseudodesejado
Os meus pensamentos quis levar
Às alturas foi, calado
Sussurrar de um sonho estranho demais
Bom demais

Nada se compara ao teu jeito
Sanguinário sujeito
No teu cheiro a coragem se exalta
E a realidade tão distante, vira pó

Não custa acreditar, oh pseudosujeito
Que por muitas messalinas passou
Não saberes se um dia algo tão puro encontrará
Abrirás os olhos de vez pro mundo, então?

Procuro respostas de quem seja
És figura de um breve devaneio
Talvez só um pseudo
Pseudoestranho para mim

Arrependimentos

Não deixes tua epiderme encostar
Não és dono de tal vaso
Este está bem pago, reservado
Mando este recado gentil

Taças reluzentes marcadas com digitais
O fino lenço limpa com cuidado
Ardor ao reconhecer o passado
Cada rachadura o magoou

O amarelo dos dentes refletiu a amargura
Verde da cédula colorindo as mãos do encarregado
Era um leilão, sim, de fato
Onde está então a doçura?

De joelhos, implorou
Quadro de voluptuosas curvas deixaram levar
Lembranças de um momento de felicidade
O habilidoso comprou sua esposa, enfim
Era tarde demais para reclamar
Não cuidou porque não quis

sábado, 24 de julho de 2010

A parede

Pintar o grande vazio
Cores de luto e de solidão
O pintor, fraquinho
Deixou de lado os buracos
Grande inversão

Jovem triste e insatisfeito
O balde branco virou
Tingiu de ouro e fez arte
A mãe pouco resmungou

A brisa fraca, lá da praia
Aos poucos a tinta fez secar
Janelas pouco abertas
O vento fez questão de assobiar

O dinheiro em suas mãos pouco valiam
Instrumento deixou cair
A parede amarela não estava mais bonita
O borrão vermelho não quis sair
Sangue de inocente
Só um mendigo sem sorte

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A criança

Sentiu o perfume exalado por ele?
Azedo odor de excremento
Acúmulo em um pedaço de plástico ao relento
Resultado de uma verdadeira porcaria de criança

Vi os primeiros passos apressados
Queria correr pros braços
Da pior das meretrizes
Fez dela colo, gato, sapato
Completa satisfação

A baba no canto escorria
Quando via na vaca tetas
Leite, a pura magia
Nem a ama de leite o aguenta

Pudera ser tão anjo na escola
Mas a ilusão o guiava
Línguas para a professora todo dia
Mas na hora da apresentação, gaguejava

Resultado catastrófico no ar
Nem quero mesmo imaginar
Como seria essa figura, mais velha
Tentando dizer o que é amar

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Atípica

Suave sopro a reinar
Partículas suspensas pairando no ar
Lágrimas da torneira pingando
Copo d'água meio cheio
Hora dos sonhos regar

Eis na coloração adocicada o mais puro resultado
Voluptuosos brotos surgem das folhas, marcados
Essência rosada alegrando os lares
Simples beleza como essa, não há

Calmaria em exagero
Cômodo vazio, sombria visão
As folhas levemente sacodem
Eis a dança da solidão

Enclausurada beleza ou falta dela
Fatores de depressão
Onde está o pólen no ar?
Necessidade de fertilizar o coração

Ninguém mudará o fato
A delicada, simpática, murchou
O encanto foi derramado
Por quem fingiu o amor

Dorme em paz, oh verde feliz!
O sofrimento aos poucos passou
Nada tema, minha cara plantinha
Outra flor há de nascer
Mas nada como aquela que te fiz esquecer

terça-feira, 20 de julho de 2010

Atrás dele

Não, não vá embora!
O trem parte agora, apressado
Ao encontro dele precisa ir

Não, não estranhe a reação!
Os males não desejo a quem me agrada
Amizades devem ser valorizadas, então

Não, não há amargura em meus olhos!
O que sai de meus lábios não é ironia
Acredite no que lhe digo

Nas lembranças, o passado
O que se passou, passou
Agora vá! Não perca! Adeus!
Mas não esqueça nunca
Amizades verdadeiras não são esquecidas!



(baseado em um conto)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Frivolidade

Na calada da noite, o delírio do ser
Vísceras embrulhadas em um belo pacote
O asco tomando conta das entranhas

Artefatos encarecidos de qualidade ou valor
As intenções são as piores, perceptível
A mão no bolso quer levar
Observe a realidade com atenção

Uma grande máscara cobre
O que os olhos não vêem
Consequência de kilômetros

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Embriagados

O sensacionalismo de suas palavras
A utopia dos seus sonhos exalta
Nada revelam sobre o que os olhos saltam a realidade

Cacos de uma noite sem lembranças
Varridos, na pá, dejetos, sujeira
Uma coisa não se esquece
O resto, vira lixo

Nada mais atípico que uma garrafa no meio
Duas pessoas no meio da rua cambaleiam
Conceptismo claro em suas palavras
Uma hora verdades vêm a tona...enfim

domingo, 11 de julho de 2010

Resultado

Estou entrando em uma profunda conclusão que a vida é um caminho cheio de bifurcações, cheio de obstáculos, cheio de surpresas. Ao se ver em uma bifurcação, sempre paramos para refletir por conta da dúvida do que nos espera. A dúvida pode parecer sempre cruel, mas é natural de todos nós termos dúvidas, sendo que uns tem mais e outros menos.

Nada garante que você entrará em um caminho sem saída, no qual terá de passar pela mata densa para voltar ao caminho de antes. Nada garante também que você seguirá em um caminho asfaltado, belo, com flores e borboletas ao redor. É difícil saber ao certo o que nos aguarda. O certo mesmo é decidir pelo melhor dos e seguir em frente.

Viver é estar ciente dos riscos, mesmo que eles não pareçam tão claros no começo. Nossos caminhos são em grande parte tortuosos e cansativos, por isso devemos sempre manter o pique, antes que a distração e o cansaço tomem conta. Se você passou já por muitos caminhos tortuosos e seu pique parece inexistente, não desista. Olhe para dentro de você e veja que, mesmo com tantas decepções, tantos machucados, tantas angústias, tantos aborrecimentos, entre outros, continuará sendo você mesmo.

A vida é uma caixinha de surpresas, por isso, não custa tentar um novo caminho. Você não tem ideia do que pode estar mais a frente. Independente do que seja, vá. Vá e viva!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Adeus encanto!

Verde musgo na rocha repousa
Banhado no mais gosmento líquido
Talvez um leve oscular

No tronco das árvores, o pranto notável
A natureza chora
A lua não encontrou com o mar

Rajadas errantes
Trufões triunfantes
Então o musgo vem a abraçar

A rochosa criatura
Logo desperta a bravura
Mais um osculo gentil
Da delicada briófita juvenil

Uma leve brisa roubou o encanto
E desse fato naturalmente estranho
A pedra esfria
E a verde, sozinha, resolve cantarolar:

- Adeus encanto! Adeus encanto!
Que da pedra a brisa tirou
Adeus encanto! Adeus encanto!
O fogo do amor se apagou

My Hero

Se forma com um leve esforço de um coração partido
Rola no rosto do mais estranho ferido
Gota d'água salubre matando a sede de quem quer ver sofrer

A bondade em seus olhos transmitia
De sua boca, as palavras mais bonitas
Heroi de muitos, heroi feliz!

Prantos derramo quando lembro
De saudosa criatura
Melhor amizade não há
Desse orgulho nada morrerá!

Tanto tempo passou
Mas quem irá esquecer
Do mais brilhante dos homens?
Eu jamais! Sempre amarei você!



À Marcelo Dessaune, um dos maiores capixabas no qual tenho orgulho de chamar de avô.

domingo, 4 de julho de 2010

Skywalkers voltados

Não roubes a chama, ó estranho Prometeu
Preferes ficar no monte Cáucaso
E apodrecer junto de suas visceras carcomidas?

Queres mexer nas feridas
Como mexe o médico delicado
Na hora de abrir a barriga?

Pretendes chamar a atenção
Como uma criança mimada
Sentada no lance de escadas
Fazendo pirraça?

Preciso ouvir seu choro silencioso
Cair de desgosto
Partindo de um pressuposto
Do ser moribundo? Jamais!

domingo, 20 de junho de 2010

Mudanças

Com passos firmes mas lentos, caminhava em direção a uma grande espelho. Ao tocar sobre a superfície de tal majestoso objeto, percebeu sua imagem refletida. Por um momento, não quis olhar os pequenos detalhes. Achar defeitos em si mesma era, literalmente, o pior dos seus defeitos. E era exatamente o que ela queria evitar: seus defeitos.

Classificava como perigosos, causadores de discórdia e, principalmente, de seus problemas. Seus defeitos incomodavam por completo. Caso não ficassem sobre controle, poderiam causar um verdadeiro colapso em sua mente. Sim, o controle era o que precisava alcançar. Seus defeitos estavam realmente começando a dar efeitos colaterais.

Olhando novamente seu reflexo, observou o comprimento de seus cabelos. Notou as pontas quebradiças, em grande parte duplas. Por um breve momento, resolveu novamente observar o reflexo por completo. Olhou bem nos olhos daquela menina refletida e disse, com firmeza:''Proponho uma mudança e, esta, vou tentar até conseguir.''

Estava realmente decidida de que a partir daquele dia não seria mais uma menina desagradável, nem reclamona, nem nada do gênero. Evitaria ao máximo ser egoísta e tímida, falaria menos besteira, e não seria um verdadeiro chiclete chato. Ela queria ser somente uma pessoa melhor sem deixar de ser quem ela realmente é. Uma missão difícil, talvez, mas será que ela consegue? Quem sabe...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Uma simples paráfrase

No Meio Do Meu Caminho

No meio do meu caminho tinha outra pedra
Tinha outra pedra no meio do meu caminho
Tinha outra pedra
No meio do meu caminho tinha outra pedra

Nunca conseguirei esquecer dos problemas
dos quais não sei se são pura verdade ou não
Nunca saberei mesmo se no meio do meu caminho
Tinha outra pedra
Tinha outra pedra no meio do meu caminho
No meio do meu caminho tinha outra pedra

quarta-feira, 19 de maio de 2010

B1, B2 e B3

Não conseguia imaginar na época em coisa pior a não ser que passar o Ano Novo em Guarapari. Para mim, o tédio seria inevitável e a falta do que fazer também. Já me imaginava uma semana trancada dentro daquele apartamento minúsculo e pré-histórico ouvindo música até acabar a bateria e desenhando coisas bem aleatórias. Tá bom que passei momentos felizes ali dentro, mas quanto mais eu crescia, mais entediada ficava. Sorte minha que fui salva por duas pessoas nas quais transformaram esses meus possíveis dias chatos em dias felizes e bizarros.

Dona Vickie eu já conhecia, obviamente. Minha prima por parte de mãe e grande amiga desde que coloquei meus pequenos pezinhos em Vitória. Dona Carol eu só conhecia por conta do aniversário de Dona Vickie, mas não tinha conversado nada com ela naquele dia. Mesmo uma sendo tão ligada a mim e a outra nem tanto, aquela semana em Guarapa nos uniu muito. Em certo momento, não havia tantas diferenças entre nós. Chegávamos a falar juntas a mesma coisa, ou tínhamos a mesma reação sobre qualquer situação. Por conta dessa animação toda, acabava nem ficando muito no apartamento como pensava. A fulga do tédio era irresistível, mesmo que este não fosse fácil de se soltar.

Nossa diversão era falar sobre a vida, andar pelo calçadão da Praia das Castanheiras, falar mal das cocotas e dos playssons, jogar Guitar Hero no micro shopping de lá, entre outras coisas. Nada foi mais inesquecível que nossos apelidos, nossas gírias e a Diva do Fecfo, a famosa vizinha de janela do apartamento na qual todo dia aparecia na janela usando somente um lençol. Quem ouvia o conteúdo de nossas conversas nos considera loucas varridas.

Sinceramente, não adianta tentar nos entender porque só nós, exus B1, B2 e B3, nos entendemos. Tentativas fracassadas podem resultar em belos fails e pensamentos esquisitos sobre nós, caro leitor, podem ser dorgas mano. E ai, entendeu alguma coisa? Não?! Eu avisei...

Vida de vestibulando

Inevitável na vida de um vestibulando é não ter algum período de falta de tempo. Nesse tal período, o relógio parece estar correndo a maratona de tão rápido que o tempo passa. Com um piscar de olhos, seus estudos que pareciam ter durado uma hora ou menos renderam muito mais do que você poderia imaginar. Realmente quanto mais perto fica do temido vestibular, mais o tempo corre. O ruim disso tudo são as consequências, nas quais podemos citar principalmente o cansaço e o famoso stress.

Mas mesmo com esse ano pra lá de agitado, não devemos nos submeter à certas neuras. Muitos, por um certo desespero, imaginam que ser vestibulando é viver na base de café, virar um tremendo sedentário e ter como melhores amigos a sua bancada de estudo, os livros e a confortável (ou não) cadeira. Não é bem assim, meus caros. Devemos ir gradativamente aumentando nossas horas de estudo e não começar já estudando umas cinco, seis horas por dia. E além disso, devemos viver nossa vida normalmente ficando perto de quem mais amamos e tendo um certo tempo de lazer, mas sem exagerar na dose.

Ser vestibulando é manter vários equilíbrios na vida. Estar emocionalmente, psicologicamente, mentalmente e fisicamente preparado deve ser, sem sombra de dúvidas, a chave para o sucesso no vestibular. É difícil manter isso, mas o máximo de esforço para alcançar algo semelhante com certeza não será em vão. Vida de vestibulando é tensa, mas os frutos gerados com tudo isso nos fazem ver que vale muito a pena.

domingo, 2 de maio de 2010

One Foot Wrong

Estava a dois passos de uma tragédia. Um precipício, para ser mais claro. Caso andasse para trás, não saberia se seria morta pelos seus sentimentos, correndo desesperadamente em sua direção. Caso andasse para a frente, cairia no mar da vida, mas não sabia se saberia nadar ou iria morrer na queda. Dúvida cruel, opções cruéis.
Parecia uma bifurcação, se é que é assim que se escreve. Nada estava claro, agora. Uma névoa assustadora pairava pela cena, trazendo incerteza. Só nos resta esperar o próximo capítulo dessa novela mexicana que é a vida.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Quarteto da plantação de arroz

''Ó melosos seres que disputam atenção
Você nunca sabe o que querem então
Abram seus olhos, meus caros
Que por aqui arroz tem aos bocados''

(Poema de uma estrofe, com rimas emparelhadas e com quatro versos)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Vitória

O silêncio anuncia um cessar fogo. No chão, pedaços de felicidade misturados a sujeira. Sangue por todos os lados. Uma pequena pessoa no canto, encolhida em meio aos cacos de vidro, tremendo e soluçando. De repente começa a gritar de dor, em meio as lágrimas e ao pó acumulado. Lágrimas mais frias que a temperatura ambiente caiam no meio do piso. Um vento assobiava em seus ouvidos, enlouquecendo-a aos poucos. Então caiu, de braços abertos, segurando um coração. Era então o fim do medo. O coração estava mais seguro. E com toda certeza do mundo.

domingo, 4 de abril de 2010

Filosofando... 2

Angústia. As palavrinhas perturbadoras que significavam muito voltaram. Elas não podiam ser ditas até o sinal verde aparecer para poderem então acelerar. Não era a melhor coisa a se fazer, mas sim a mais correta. Enquanto se espera o sinal verde, os pensamentos atravessavam seguros na faixa de pedestres. As palavrinhas não tinham certeza se estavam no caminho da felicidade ou da ilusão. Por isso, resolveram girar em torno da praça da incerteza tentando buscar alguma resposta. O caminho da felicidade parecia mais próximo da realidade. Vagarosamente, como uma lesma, as perturbadoras palavras decidiram tomar tal caminho. E por muito tempo, o sinal permaneceu no amarelo. O que seria então?

quarta-feira, 31 de março de 2010

Filosofando...

Um breve momento de silêncio. O bastante para um ser pensar nos momentos que passava e questionar o que fez e o que deixou de fazer. Às vezes é assim mesmo quando a insegurança toma conta da mente de alguém. Na verdade, não é a insegurança, mas sim a incerteza. A incerteza de que tudo acabará bem e de que as coisas vão melhorar do jeito que se espera.

Não são poucos os que passam por isso sem ter uma certa ansiedade ou uma certa angustia. De fato, sentimentos podem abalar outros sentimentos como um incêndio pode abalar a estrutura de um prédio. Mas dependendo do que se sente, pode trazer consequências positivas, ou se o pessimismo for maior, consequências negativas.

Cada um tem um grande pessimista dentro de si. Que atire a primeira pedra quem não achou que iria mal na prova, que a roupa tal não ficaria boa para alguma ocasião ou que simplesmente a pessoa amada não sentia nada na mesma intensidade que você. Nossos medos alimentam ainda mais nosso pessimismo, que por sua vez nos desgastam cada vez mais. Apesar disso, devemos equilibrar pessimismo com otimismo para seguirmos tranquilamente com as nossas vidas. Muito otimismo nos torna seres viajantes em um mundo fantasioso, nos levando a crer que tudo dará certo, algo que todos sabem muito bem que não acontece todas as vezes.

Quem sou eu para falar isso tudo? Não sei, mas só lhes digo que sou apenas uma estranha. O resto não preciso nem dizer.

terça-feira, 30 de março de 2010

Old Stuff

''A dor de cabeça tomava conta. Parecia algo negativo querendo afetar meus pensamentos. Queria transformar tudo aquilo em questionamentos. Me feri com tudo aquilo. Os sentimentos foram misturados, questionamentos formados, e, para completar, uma baixa auto estima terrível.
O mal tomou conta de mim?
O desespero agravou ainda mais a situação. Uma lágrima escorreu pela face.
Será esse meu fim, então ?
Eis que surge então uma luz no fim do túnel. Dela surgiu uma mão. Sim, fui salva da terrível e melancólica solidão.''


(texto produzido em janeiro de 2010)

sábado, 13 de março de 2010

Nostalgia

Um dia parei e olhei ao meu redor. Me deparei com algumas fotos, um tanto quanto velhas. Lembrando dos velhos tempos, decidi pegar todos os meus álbuns e olhar um por um, passando vagarosamente por cada foto, nem que eu tivesse que levar um dia inteiro ou uma semana para ver todas. Não havia conseguido nem terminar o primeiro álbum. Já estava em prantos, mas com um sorriso no rosto. Lembrei daqueles tempos numa escola pequena, em que todos se conheciam, em que eu era quieta, na minha, mas tinha vários amigos. Lembrei quando era gordinha, mas não reconhecia isso. Lembrava das festividades, principalmente as festas julinas, em que nos divertíamos. Lembrei das diretoras, dos funcionários, das professoras, e principalmente, dos meus colegas. Passados anos, tenho sorte de ainda manter contato com a maioria. Todos que ali passaram foram especiais do jeito que eram. Fechei o álbum e guardei na caixa. Bons tempos ficarão na memória para sempre !