segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O basta? (ou Dilemas parte 2)


É estranho como as expectativas acabam me frustrando tanto, me deixando angustiada. Posso estar me contorcendo por dentro, mas evito ao máximo soltar tudo. Em minha mente, alguma coisa diz que em um momento (in)adequado tudo aquilo explodirá, saindo de uma vez só. Basta somente mais um “o que houve?” que de fato isso pode ocorrer. Consequência provável de um burlar do prometido a mente pelo pulsante que carrego no peito.
Foi na fuga do mar de tédio que cercava minha residência que voltou muita coisa à tona. As músicas que despertavam a dor no coração e rios de lágrimas foram tocadas. Fui forte em aguentar, mas dentro algo temido com toda a ação cega realizada ou que ainda realizaria. O silêncio era mortal, e a situação que me encontrava, confusa. Preferia olhar para a lua que nos acompanhava durante a viagem, além das inúmeras estrelas que não conseguiria ver no céu da capital. A chegada me confortou com todo aquele carinho familiar, fazendo com que me esquecesse um pouco das perguntas que batiam e voltavam na mente.
Ao decorrer das horas, ocorreu o esperado. Houve momento que parecia Marina e Rogério de uma das obras de Gasparetto, só que não havia Raul, eu era o Rogério e as intenções por trás de Marina só Deus sabia. Aquilo tudo puxou meu pé e levou a um mundo melancólico que minha mente não me levava desde o ano da “Grande Depressão” (leve ao pé da letra mesmo). Era como dizia uma das músicas de Gotye, só que em outras palavras: mesmo juntos, parecia estar sozinha. E o resgate disso não foi nada benéfico. Seria futuramente a válvula da panela de pressão que a mente havia virado.
O acaso veio me falar. Sussurrou um “opa, pera aí, você ouviu isso?” em meus ouvidos já céticos. Custei a achar que não era verdade, ou que havia sido só um descuido. Tive de ouvir aquilo muitas vezes para acreditar. E de fato fiquei m ais que surpresa. Estava pronta para perguntar o porquê daquilo, mas as palavras travaram na garganta e não saiam de jeito algum. Talvez seja bem pressionador, pensei.
Sabe aquele momento da vida que está tudo tão bem, tudo tão feliz que você até esquece o protetor solar? E no meio de boladas, cerveja e caldos friamente calculados que me safei dos sentimentos ruins. Alguma coisa me dizia para largar em um canto os problemas e perguntas que carregava no cocuruto. Outra coisa me dizia que deveria continuar me questionando para encontrar respostas no meio do final de semana. Fui escutara outra e não foi nada prudente de minha parte.
Um pequeno aborrecimento foi chave que abriu a porta novamente para as angústias, os medos. Medos tão grandes que não conseguiam passar de uma vez, sendo dolorosa sua passagem aos poucos. O mais rechonchudo era logo aquele que desencadeou os sentimentos que “Fix You” também sempre trazia a tona. A reclusão foi optada para evitar olhares curiosos, mas a dedução dos demais distorceu os fatos. Quando questionada, joguei a culpa para outros problemas que me atormentavam. Notava que de fato me conhecia muito bem, mas resolvi tomar a atitude para não exigir demais. O que ouvi posteriormente me fez crer que fiz o certo, a melhor coisa a se fazer. Mesmo assim, me perguntava até quando isso iria continuar.
Então resolvi escutar aquela alguma coisa que me dizia para curtir os momentos proporcionados. E assim foi durante as demais horas daquele final de semana. Voltara feliz, imensamente feliz, pedindo mais e mais. Aparentava confiança, otimismo. Não tinha certeza de nada que havia vivenciado, muito menos do que iria se suceder, mas mesmo assim carregava um sorriso de orelha a orelha. Fator que foi sumindo ao decorrer dos dias seguintes.
Tudo estava caótico no interior. As perguntas retornaram, junto da angústia provocada por outras questões nada a ver. O silêncio era mortal e preocupava. Imaginava se estava novamente na típica situação de esperar a procura, ficar com receio de procurar e deixar por isso mesmo, com risco da pessoa ter pensado e feito o mesmo. Apesar disso, houve procuras. Mas tão vagas que não tinha palavras, apenas o silêncio.
A estranheza após aquilo tudo era preocupante e desgastava aos poucos. A dor no peito crescia a cada vez que pensava qual passo deveria ser tomado. Era o basta ou deixar a vida fluir e trazer as respostas de tudo com o vento, em prestação. Era o momento de colocar na balança da libriana as opções. Eis a hora de pesar coração e mente, buscando o desfecho aguardado.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Dilemas


Hoje pretendo varrer este espaço, passar um pano nos cantinhos. Retirar uns quadros, planejar outros. Tudo está muito abandonado, muito imundo. Certeza que a nostalgia vai se instalar em meio a essa arrumação. As imagens, as histórias por trás, tudo virá à tona. E aquele post que demorou três meses para sair? Trinta mil modificações. E aquele que demorou meia hora? O mais aleatório e assustador possível. Já vejo que algumas coisas terão de ser empacotadas e deixadas naquele cantinho que daqui a pouco estará recheado de poeira novamente. Sentimentos e histórias que perderam a validade deixarei ali mesmo no lixo. Antes de garimpar, a rotina das quartas grita em meus ouvidos.
E é sempre naquele trajeto até rápido sentada no desconfortável banco que vou refletindo o que daria para ser dito no tempo disponível. Um momento que virou hábito recente, mas que intrigava quando chegava o sujeito mal humorado e dizia não ter troco. Abanava com um papel na esperança de sossegar um pouco o calor que sentia. Sinal, descer, atravessar a rua, alguns passos, elevador, campainha. Depois dos procedimentos, era o momento de se desligar um pouco do que estava lá fora e deixar fluir tudo em mente. Um período de 50 minutos para relatar e refletir sobre tudo. Era mais um, mas dessa vez foi bastante diferente.
Foi estranho sair do consultório com certa tarefa pendente. É aquele choque de realidade que só enxergamos quando alguém nos sacode e avisa. Era para o meu bem, claro que era. Mesmo assim, a preocupação não era comigo, mas sim no que iria acontecer. A incerteza de tomar uma decisão drástica para evitar que a situação se agravasse perturbava a mente constantemente. Evitaria a fadiga ficando reclusa em meu lar ou até mesmo realizando coisas que não batem com a realidade de meus pensamentos. Afastaria-me das angústias que algumas pessoas tornaram a tona em minha vida. Tinha a faca e o queijo na mão, mas não sabia como cortar sem me ferir.
“Vamos tentar iniciar isso gradativamente”, explicava para minha mente. O primeiro passo foi fazer o que tinha de ser feito durante a tarde e passar um tempo com a criaturinha que mais quis ter na minha vida, que nunca me decepcionou. Há tempos não descansava a mente e compartilhava sorrisos daquele jeito. E por ali permaneci, até lembrar do que me aguardava no virtual. De quebra cheguei ao recinto atolada de recados, mas observando uma ceninha de garotinha mimada no meu caminho. E como era de costume, a sujeita chorou no ombro de alguém. E esse ombro foi logo no da pessoa mais sem caráter, que até alguns dias atrás estava a caçoar de sua cara. Foi um pretexto para a mesma tentar me atingir. Mas quem disse que uma criança que usava uma identidade falsa para se elevar perante os demais iria me atingir com fakes repletos de insultos? Seria eu a criatura sem nada o que fazer? Obviamente que não.
Em meus escritos, registros, sempre evitei tocar no assunto do jogo. Foi algo que guardei bastante até o boom, o inédito em minha vida. E aquele post olhei e fiquei a refletir sobre seu fim: ir a lixeira como outros ou ficar ali, registrado como algo agradável de se recordar? Era muito que se pensar no dia. Como disse anteriormente, inevitável era e foi também a nostalgia em meio a tanta informação. Tola fui no momento que deixei agravar. Era aquela coisa de criar uma cena em mente, mas fugir do script no momento. A mania de colocar algo em teoria e fazer totalmente o oposto em prática. Um lado de minha pessoa que gritava por mudanças, antes que inundasse em meio às angústias e lágrimas. Aquele lado que via detalhes, que deduzia seus motivos, mas que se desgastava ao pensar em se não fosse aquilo mesmo.
Indagações aos montes serviriam como o acender do fósforo. Bastava saber o quão longo era o pavil, objetivando o apagar da chama provocada com rapidez e sensatez. As lembranças se misturavam aos sonhos, revelando o óbvio do que era desejado. Debruçava-se na mente e questionava se seria por mais uma noite isso. Disfarçava com bom humor perto dos demais, mas não era o suficiente para esconder sua preocupação. Afinal, o que fazer para dar um ponto final, definir finalmente isso tudo?