É
estranho como as expectativas acabam me frustrando tanto, me deixando
angustiada. Posso estar me contorcendo por dentro, mas evito ao máximo soltar
tudo. Em minha mente, alguma coisa diz que em um momento (in)adequado tudo
aquilo explodirá, saindo de uma vez só. Basta somente mais um “o que houve?”
que de fato isso pode ocorrer. Consequência provável de um burlar do prometido
a mente pelo pulsante que carrego no peito.
Foi
na fuga do mar de tédio que cercava minha residência que voltou muita coisa à
tona. As músicas que despertavam a dor no coração e rios de lágrimas foram
tocadas. Fui forte em aguentar, mas dentro algo temido com toda a ação cega
realizada ou que ainda realizaria. O silêncio era mortal, e a situação que me
encontrava, confusa. Preferia olhar para a lua que nos acompanhava durante a
viagem, além das inúmeras estrelas que não conseguiria ver no céu da capital. A
chegada me confortou com todo aquele carinho familiar, fazendo com que me
esquecesse um pouco das perguntas que batiam e voltavam na mente.
Ao
decorrer das horas, ocorreu o esperado. Houve momento que parecia Marina e
Rogério de uma das obras de Gasparetto, só que não havia Raul, eu era o Rogério
e as intenções por trás de Marina só Deus sabia. Aquilo tudo puxou meu pé e
levou a um mundo melancólico que minha mente não me levava desde o ano da
“Grande Depressão” (leve ao pé da letra mesmo). Era como dizia uma das músicas
de Gotye, só que em outras palavras: mesmo juntos, parecia estar sozinha. E o resgate
disso não foi nada benéfico. Seria futuramente a válvula da panela de pressão
que a mente havia virado.
O
acaso veio me falar. Sussurrou um “opa, pera aí, você ouviu isso?” em meus
ouvidos já céticos. Custei a achar que não era verdade, ou que havia sido só um
descuido. Tive de ouvir aquilo muitas vezes para acreditar. E de fato fiquei m
ais que surpresa. Estava pronta para perguntar o porquê daquilo, mas as
palavras travaram na garganta e não saiam de jeito algum. Talvez seja bem
pressionador, pensei.
Sabe
aquele momento da vida que está tudo tão bem, tudo tão feliz que você até
esquece o protetor solar? E no meio de boladas, cerveja e caldos friamente
calculados que me safei dos sentimentos ruins. Alguma coisa me dizia para
largar em um canto os problemas e perguntas que carregava no cocuruto. Outra
coisa me dizia que deveria continuar me questionando para encontrar respostas
no meio do final de semana. Fui escutara outra e não foi nada prudente de minha
parte.
Um
pequeno aborrecimento foi chave que abriu a porta novamente para as angústias,
os medos. Medos tão grandes que não conseguiam passar de uma vez, sendo
dolorosa sua passagem aos poucos. O mais rechonchudo era logo aquele que
desencadeou os sentimentos que “Fix You” também sempre trazia a tona. A
reclusão foi optada para evitar olhares curiosos, mas a dedução dos demais
distorceu os fatos. Quando questionada, joguei a culpa para outros problemas
que me atormentavam. Notava que de fato me conhecia muito bem, mas resolvi
tomar a atitude para não exigir demais. O que ouvi posteriormente me fez crer
que fiz o certo, a melhor coisa a se fazer. Mesmo assim, me perguntava até
quando isso iria continuar.
Então
resolvi escutar aquela alguma coisa que me dizia para curtir os momentos
proporcionados. E assim foi durante as demais horas daquele final de semana.
Voltara feliz, imensamente feliz, pedindo mais e mais. Aparentava confiança,
otimismo. Não tinha certeza de nada que havia vivenciado, muito menos do que
iria se suceder, mas mesmo assim carregava um sorriso de orelha a orelha. Fator
que foi sumindo ao decorrer dos dias seguintes.
Tudo
estava caótico no interior. As perguntas retornaram, junto da angústia provocada
por outras questões nada a ver. O silêncio era mortal e preocupava. Imaginava
se estava novamente na típica situação de esperar a procura, ficar com receio
de procurar e deixar por isso mesmo, com risco da pessoa ter pensado e feito o
mesmo. Apesar disso, houve procuras. Mas tão vagas que não tinha palavras,
apenas o silêncio.
A
estranheza após aquilo tudo era preocupante e desgastava aos poucos. A dor no
peito crescia a cada vez que pensava qual passo deveria ser tomado. Era o basta
ou deixar a vida fluir e trazer as respostas de tudo com o vento, em prestação.
Era o momento de colocar na balança da libriana as opções. Eis a hora de pesar
coração e mente, buscando o desfecho aguardado.