quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Página em branco

Uma página em branco. Tudo pode acontecer com uma página em branco. Tudo pode acontecer em uma página em branco. É questão de tempo para que uma hora a brancura hipnotize alguém, ou talvez o simples fato do útil chamasse mais atenção. Quem sabe ela não fique ali por mais tempo inutilizada? Se ela fosse algo concreto, será que alguém a amassaria por pura curiosidade ou diversão? Mas isso só se faz em uma folha qualquer, oras.

Talvez se possa fazer um risco, ou simplesmente um ponto. Mas em que lugar afinal colocaria? Será que eu poderia juntar vários desses tipos e formar palavras? Tolos! Para que gastar seus preciosos tempos cansando os dedos e os braços se um simples apertar de teclas resolve tudo? Tempo é dinheiro, já diziam os capitalistas. E como diria alguns, o tempo urge. Quando era pequena, falava que era ruge. Cresci mais um pouco e acabei por assistir a um show do Rouge. E Batom Rouge, é ou não a capital de Louisiana?

Então, traços coloridos surgem. Desenhos abstratos, talvez. É uma bagunça, um emaranhado de coisas. Vejo cores conhecidas, sujas. Vejo misturas, alegria. Algumas das danças da vida, talvez. Ou só uma pintura de uma criança inocente em meio a um mundo de falso carnaval. Vivemos em uma farsa, de fato, não concorda?
Talvez existam palavras camufladas de branco na página. Infelizmente, há ninguém que queira se preocupar com isso. É uma folha virtual em branco, oras. Mas se tivesse os números da Mega Sena? Aposto em pessoas morrendo pisoteadas, a imprensa toda concentrada e um notebook sambando nas mãos sujas dos ambiciosos. Afinal, dinheiro sempre é bem vindo. Algo utópico, não acha? Se acha, experimente jogar seu dinheiro pela janela e ver se alguém vai pegar. Ninguém, né? Ninguém quer perder tempo, afinal, tempo é dinheiro, não acha? Mas o que seria então aquelas pessoas festejando e pedindo mais? E o que seria aquelas duas comadres disputando uma cédula de dez reais aos tapas?

Talvez a folha contenha a chave para a sociedade viver em paz e harmonia. Curiosidade é tanta que seleciono e nada encontro. Talvez tenha apagado por engano por conta dessas outras mãos que querem tocar a resposta de tudo. Alvoroço novamente em meu canto. Talvez não exista nada. Possa ser que nem o Marxismo, nem o capitalismo e nem o anarquismo, nem qualquer outro seja a chave. Talvez quem pode nos salvar mesmo somos nós, seres humanos, terráqueos, imbecis.

E então a página continua em branco. Talvez seja minhas palavras que nada fluem. Talvez seja somente o homem insistindo em errar e querer apagar de novo. Uma hora o computador trava. Hora de passar um antivírus ou fazer um backup, não acha?