segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Gota

Dias nublados certamente causam aquela preguiça inigualável, mas não na primavera. Qualquer garoa que cai nesta época do ano encanta seja lá onde estiver, sendo apoiada na janela do lar ou encostada em algum muro no meio da cidade. As danças que as gotas realizam com e sem sincronia no ar transportam para reflexões aprofundadas em inúmeras questões da vida. 

Os olhos acompanham ansiosos seus rastros pelas paredes ou vidros pela cidade até o seu sumiço. Quando estão em processo de queda atraem para um olhar mais aproximado. A busca pelos detalhes de cada gota em meio a simplicidade de sua composição remete a tamanha fascinação. Quando reflete o florido que a estação benzeu com tais águas também mostra uma visão distorcida, mas que a torna cada vez mais bela pela sua singularidade.

No momento em que surge perante algum local ou objeto grosseiro em meio as construções de concreto carrega mais do que leveza. Cada uma que passa por algo dessa natureza traz a beleza perante os limos, as cracas, as poeiras, os fungos. As gotas acabam por lavar as imperfeições que muitos preferem exaltar, exibindo o que tem de mais precioso perante tudo isso. Ah se isso acontecesse bem mais conosco...





 Nikon D3100, f/5.6, 1/250s, ISO 200, 31 de outubro de 2013, 09:29