segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Gota

Dias nublados certamente causam aquela preguiça inigualável, mas não na primavera. Qualquer garoa que cai nesta época do ano encanta seja lá onde estiver, sendo apoiada na janela do lar ou encostada em algum muro no meio da cidade. As danças que as gotas realizam com e sem sincronia no ar transportam para reflexões aprofundadas em inúmeras questões da vida. 

Os olhos acompanham ansiosos seus rastros pelas paredes ou vidros pela cidade até o seu sumiço. Quando estão em processo de queda atraem para um olhar mais aproximado. A busca pelos detalhes de cada gota em meio a simplicidade de sua composição remete a tamanha fascinação. Quando reflete o florido que a estação benzeu com tais águas também mostra uma visão distorcida, mas que a torna cada vez mais bela pela sua singularidade.

No momento em que surge perante algum local ou objeto grosseiro em meio as construções de concreto carrega mais do que leveza. Cada uma que passa por algo dessa natureza traz a beleza perante os limos, as cracas, as poeiras, os fungos. As gotas acabam por lavar as imperfeições que muitos preferem exaltar, exibindo o que tem de mais precioso perante tudo isso. Ah se isso acontecesse bem mais conosco...





 Nikon D3100, f/5.6, 1/250s, ISO 200, 31 de outubro de 2013, 09:29




sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Fugere urbem, mas de Vitorinha

Correria é a palavra-chave da rotina. Cotidiano que perde a essência do pacato principalmente com o anúncio do fim do período. Não é apenas mais um, mas sim o mais complicado. Tropeço nas dificuldades objetivando não cair, sabendo que existirão coisas piores pela frente. Cada respiração parece um sufocamento. Entala o estresse e o mesmo vai acumulado, podendo ser liberado com um cutuque de vara curta. Não sou onça, mas o estrago é feito de mesmo modo. 

carpe diem já retornara e quicava na mente após Dead Poets Society. Fugere urbem surgiu de supetão, mesmo não se encaixando 100% no contexto. Sim, queria a fuga do corre-corre dessa Vitorinha tão agitada. Queria poder respirar outros ares, buscar a tranquilidade que não tinha há tempos. Não me contento com o parque perto de casa, muito menos com a praia. Queria me ver longe do traje próprio para carregar tanta coisa, a tal da minha cruz. Não pretendo me manter longe de meus sonhos, mas uma pausa, mesmo que bem breve, seria ideal para suportar esta luta. 

A solução do que encucava parecia ter chegado mesmo que fragmentada. Foi só seguir a pontualidade nos trilhos, se acomodando no lugar demarcado. Não imaginava que ali a visão daquela situação deixaria de ser turva e passaria a estar azul como o céu no momento. Já diriam que os olhos são a janela da alma, mas percebi aquele instante como o contrário. Não hesitei em registrar fotograficamente, nem um pouco mesmo. A imagem fez o seu papel mostrando que o termo já se aplicava, apesar de ser pseudo puríssimo. Mesmo fugindo de uma cidade para outra, estar ao lado da pessoa amada já carrega toda essa sensação de paz e liberdade dos problemas cotidianos.


     Nikon D3100, f/4.5, 1/1000s, ISO 400, 14 de outubro de 2013, 14:25:55



quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Olhares expostos

No passado, quebrava um galho. No presente, passos largos sem tirar o foco nos estudos. No futuro, a pretensão de continuar neste rumo. A fotografia passou por constante transformação em todo o percurso desta vida mundana. Aquele botão que apertava mirando de qualquer jeito a câmera na direção de meus pais se tornaria apenas uma ação entre muitas outras na hora de se fotografar. Do conjunto da obra, o olhar talvez seja o ponto que mais transitou pelas minhas incertezas, sonhos, história de vida, entre outras coisas. O tal iniciou tímido, arriscando algumas pequenas mudanças, mas depois se portou preparado o suficiente para arriscar. Foi neste momento de rumos acadêmicos que surgiram os primeiros frutos, carregados de significados e reflexões sobre diversos temas.

A preocupação deixou de ser atrelada somente a questão estética, fazendo com que já sentisse incomodo em ouvir comentários vagos dos demais. Levantar discussões sobre aquele produto final, o que ele significa, o que intriga, apontar suas particularidades, seria o ideal. A fotografia não é só um documento como dizem, mas também uma arte. Principalmente uma arte que, aliás, cabe a cada um realizá-la de sua própria maneira sem esquecer que não é simplesmente um botão que realiza tudo.

A partir deste momento, o meu ninho de pensamentos, devaneios, histórias e afins também será invadido pelas fotografias que produzi a cada passo neste caminho até avançado. Dividí-las com quem sabe um pouco da minha essência como escritora, ou seja lá o que vocês me intitulam, aparenta ser um tanto quanto adequado, correto. É reforçar a reflexão, mas sendo esta a do olhar sobre as coisas da vida. Será abordado elementos que vão desde uma sujeira no chão até algo que tenha sido projetado somente para encantar olhares. Composições simplórias e complexas terão sua vez, além da exploração de ângulos distintos. E o portfólio da vida está aí, renovando a cada dia.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

B. N. D.

Nada é inadequado no tempo do coração. Não há dias contados minuciosamente, mas sim uma completa ansiedade. As expectativas explodem a cada riscada no calendário. Onde existia medo, receio, agora descansa o mais sincero dos sorrisos. Sentir tamanho frio na barriga é normal, questiono. És sensação tão formidável que sussurra aos ouvidos todo aquele clamor por mais. Fica marcado em cada toque carinhoso entre os fios de cabelo. O modo que os lábios de encaixam com ternura e não querem mais se soltar. Nada é perfeito nesse mundo, mas arrisco em dizer que exista exceção nos momentos, mesmo que tenham como frutos vários hematomas. É no cheiro que exala e se fixa onde passeia pelo corpo. Como seria sensacional passar horas encarando tais olhos, interrompida pelas risadas bobas. Se for para derramar lágrimas, que seja pela saudade. Ninguém é culpado de sentir algo tão intenso, mas é sim abençoado. Tão inédito, tudo isso envolve e grita "sim, tola, você o ama!"


Terça, 8 de outubro de 2013

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Monólogo do adeus

Apenas respire, e respire
Mas não espere disso solução
Lhe fizeram de objeto, foi dito
O alerta dos outros não foi em vão

Perante a todos, ele endeusou a cona
De uma qualquer tão mal vista
Já não sei se dói mais as vistas
Ou a mente quanto a inteligência não existente

Criticou em meio a hipocrisia
Dissimulou em meio a verdade
Apagar aquilo talvez seja sensato
Ser feliz de fato é mais do que necessário

Se procurar, não será vista
Assim como a ilusão criada
O oásis que ele colocou em desuso
É uma realidade mais do que amada

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Perdão

Pinto a minha cara com nanquim e quero que você me veja assim.
Feliz.
No primeiro sinal, toda a tinta escorre.
Não necessita explicação, concorde.
Sou livre das mágoas que me fizeram chorar um dia.
Sou feliz.
E serei assim perto das pessoas que me querem desse jeito.
Mesmo perante um ou dois erros.
Prefiro ser um borrão preto sorrindo do que um colorido morto.
Perante aos que amo, serei feliz.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Fardo



            Eis o drama, já devem pensar. Garanto que as palavras colocadas aqui não tem essa função. Descrente, cada vez mais, é a pessoa que tece os pensamentos em linha reta neste espaço buscando coerência e coesão com o coração. Artefato este que não exibe agora em seu devido lugar, mas sim segurando firme e com vontade de arremessá-lo para algum canto desconhecido.
            Perante os fatos, o pessimismo inicial assustava. Os dias estavam destinados desde então a serem batalhas visivelmente impossíveis. A força de quem comandava o exército parecia falha, enquanto muitos dos combatentes saiam de cena, buscando aventuras com outros “fortes” como eles. Entretanto, os “cabeças” encontraram na sabedoria e no conhecimento que carregavam uma maneira de fortalecê-los, principalmente a quem liderava. O ato não foi imediato e de efeito máximo visto que um deles resolveu sair de cena descaradamente. E na mente do grande falho líder a dúvida rolava solta. Afinal, teria aquele saído por orgulho, por não saber lidar com a situação ou simplesmente por não se dispor a ajudar? A decepção foi tamanha que o líder se sentiu assustadoramente falho. Apesar disso, seguraram sua mão e falaram em alto e bom som: “Não desista agora, pois poderemos vencer a batalha a cada dia, um passo de cada vez”.
            E de repente vem a sensação incomum. Parece quando você vasculha sua caixa de jóias, percebe que algo está faltando e, quando lembra que foi algo de muitíssimo valor, não fica bem. Aquele momento que aparentam ter colocado alguns ingredientes no liquidificador e batido, sendo a mistura puramente de sentimentos. É ojeriza, é nervosismo, é tristeza, é rancor, é saudade, é falta. A louca mistura confusa guardo para mim, e aos demais distribuo o silêncio.
            Complicado não observar os que estão de fato ao meu redor e perguntar o porquê que permanecem ali. É inegável não me sentir um peso nisso tudo. Peso financeiro, social, emocional. Fardo desconhecido para muitos, mas bem maior comparado aos problemas comuns de cada um. Alguns preferem deixar esse peso alheio no caminho. Fardo em formato de gente. É assim que me sinto, que meu coração sente. Não estou a me enfeitar de dramas como alguns pensam. Quanto aos meus sentimentos, a sinceridade berra até explodir. Mesmo que alguns alimentem em suas mentes que tudo é uma mentira, afirmo mais uma vez que não é. Quem dera ser um pesadelo em que o abrir dos olhos fosse suficiente para acabar com isso tudo. Enquanto isso, uma luta de cada vez, um passo de cada vez, mesmo que haja um buraco no meio disso tudo.