sábado, 31 de julho de 2010

Solidão

Fartura de amizades não existem mais
Felicidade se esgota a cada segundo
Cretinismo a solta se encontra
Má sorte para todos os cantos
Consequência de tempos ruins

Um dia viram o branco dos dentes
Agora os lábios carnudos fechados
Secos e rachados
Como as entranhas de quem sofreu

Sobre coisas preferia nada dizer
Sua boca era túmulo
A mente vagava pelo vazio
Melancolia no ar

Um dia quem dera alguém
Resgatar daquilo tudo deveria
O príncipe virou sapo
E o personagem do devaneio, impossível
Possível, impossível
De nada mais sabia

A monotonia de sua vida aclama
Preso em um cubo deveria estar
Poucos para entender, acalmar, amar

Quem dera ao menos sair
Diversão, não queria fim
Nada podia fazer se também era um devaneio
E a benevolência encarecia com os tempos

Dor, que aos poucos chega
Carrega a alma, lhe enfia uma pontuda lança
Roda enquanto sorrisos aguardar o grito
Risos de quem está se divertindo tanto
Nada cala o estrondoso barulho

Monotonia do lar parece inevitável
Afeto, sorrisos, surpresas, emoções
Tudo era tão escasso
E a ferida aos poucos, fatal

Coisas que para muitos, banal
Irremissível seus próprios atos
De grande simpatia sentia falta
Aos poucos mergulhava em um profundo buraco

Dentro da dura carcaça
Amanteigado coração derretia
Água salgada aos poucos saia
Triste realidade
Tudo lhe abatia

A casca se soltava
Borboleta caia
Asas abertas como braços esperando o abraço
Morta pela solidão
Pisada pela amargura
Recebeu um cuspe de arrogância
Prato feito da macumba genial
Bom apetite!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ato de covardia do bandoleiro

Diria que é tudo
Nada agrada o paladar refinado
Se as verdinhas estão por perto
Para que se aventurar nos matagais?

Cobre das moedas nos fios
A tinta sai, mal pintado
Latão, puro latão
Enganação em suas mãos

Se uma navalha na mão é algo estranho
O que pinga dela, pior
O mais puro veneno
Misturados com lágrimas e dor

Passageiro ensanguentado, um sufoco
O corpo em terreno baldio foi deixado
Arame farpado, atravessado

Faltou ar para quem viu a cena
Pássaro distante perdeu sua pena
Marido e filhas morreram de amor

Investigando

O que podia dizer
Muda estava ali
O canto me servia de consolo
Tentava decifrar o mistério

Imprevistos deslocaram fatos
As páginas do livro não foram vistas
Há algo dentro da mente
Pensar nas possibilidades
Fracasso inevitável

O que a lupa não percebeu
Outros notaram
Acreditar na vista alheia
Nada bom
Hora de abrir mais os olhos

Pretenda ajudar
Atrapalhar, jamais
O que o vento levou,
Trouxe de volta
Ilusão de um devaneio
De novo não

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nada mais

Nada mais se resume a cena não vivida
Lábios ao encontro, alegria
Algo estranho se realizou

Nada mais seria tão gratificante
Do que olhar teu sorriso, ternura
Neste sim, reina a bravura
Um devaneio a se realizar

Nada mais seria tão certo
Figura medieval diferente
Anti-heroi, anti-cavaleiro
Aprisionado na ilha dos loucos será

Nada mais posso fazer
Uma pitada de Gregório vejo
Mas quem será esse cavaleiro distinto
Não tem cara de galantear

terça-feira, 27 de julho de 2010

Vazio

Lar vazio
Pessoas vazias se entre olhando
O que mais haveria de errado nisso?

Recheio de sonhos, loucuras
Os olhos, as chamas ofuscam
As unhas arranham o estofado
Nada, absolutamente nada

Sorrisos pequenos, maliciosos
Tão esperado momento, se cala
Ruídos suspeitos vindos da rua

Passos apressados
Sacolas, mil sacolas se rasgando
Por um segundo nada
Outro, um grande alvoroço

Respiração prende
A batida alerta
Eis aqui mais um

A liberdade foge pela porta
Nada suspeito, imagine
Cômodos revirados demonstrando algo errado
O vazio ficou pela metade

Recluso sem escolhas

Delicados dedos passam com voracidade
O ruído das folhas brancas anuncia
O dedo indica o caminho
Túnel sem fim, escuro
Destino ruim

O pequeno pônei pouco se importa
O dono, antes dono, domado foi
Doença que não o abala
Só mais um verme pro seu excremento
Inexistente dor

Eis aqui mais um
Acorrentado foi seu destino
E ao relento ficou
Pensando no que lhe esperava
Noites virou

Se esperava, nada sabe
Pequeno pônei domado de novo foi
Em troca de um alface fresco
Aos poucos cavalo virou

Se o sol parou de nascer quadrado
Nada mais restava para ele
Dinheiro era pouco
Pangaré, jegue, mula
Caberia o que o bolso aguentava
Vai saber o que lhe esperava

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Máscaras que caem

Papel machê, papelão, madeira
Molde de silicone, coisa assim, tanto faz
Na aparência, coisa majestosa
Quando cai, total decepção

Inevitável é o pranto
Sofrer por besteira não é
A tua falsidade é fato
Quem muito contou com você, perdeu

Qual é a vantagem disso?
Prazer em ver os vermes a rastejar
Em teus pés um dia pode ser tornar
Cobras venenosas com veneno a jorrar

Dizer que importa, fácil
Fazer algo, difícil
O que mais traz satisfação, ganhador
Quem conta com você, perdedor

Se um dia o veneno no sangue passar
Lágrimas de dor não curarão feridas
Saiba que um dia alguém se importou
Mas agora tão humilde pessoa
Sozinha ao relento ficará, agoniando

Dizer dos outros foi fácil
Reconhecer que fez o mesmo,
Ah, como foi difícil!

O mendicante

Buraco profundo
Esconde segredos
Atrevido ao relento
Remexendo os detritos se encontrou

Vazio escuro
Água empoçou
Os sonhos o balde levou
Cheio o pote da dor

Puxava sua vida nas costas
Marcas que um passado que pouco cortejou
Na sua língua, palavras
Nada se compara a esse circo de horror

Boeiros, esquinas, calçadas
Falta de papel, papel, papelão
O lar seja então a lata
Alimentação ao sujeito deu, fez questão

Boa noite desgraçado, boa noite!
Um dia quem sabe seus sonhos virão a tona
Nada resta, nada sobra
Consequências de uma sociedade cega

domingo, 25 de julho de 2010

Tempo

Resquícios como poeiras
Para de baixo do tapete varreu
Ácaro satisfeito se apresentou
Casa nova, feliz

Um só grão de polén
Vento esquecido o abandonou
Dentro da gota de orvalho ficou
Proteção assim acaba rápido

A velocidade que passa os dias
Andorinha por lá nunca mais voou
O rosa do pôr do sol distante ficou
Luto dos urubus no céu
A dor o tempo levou...embora
Tanto faz

Pseudo

Diga-se de passagem, oh pseudodesejado
Os meus pensamentos quis levar
Às alturas foi, calado
Sussurrar de um sonho estranho demais
Bom demais

Nada se compara ao teu jeito
Sanguinário sujeito
No teu cheiro a coragem se exalta
E a realidade tão distante, vira pó

Não custa acreditar, oh pseudosujeito
Que por muitas messalinas passou
Não saberes se um dia algo tão puro encontrará
Abrirás os olhos de vez pro mundo, então?

Procuro respostas de quem seja
És figura de um breve devaneio
Talvez só um pseudo
Pseudoestranho para mim

Arrependimentos

Não deixes tua epiderme encostar
Não és dono de tal vaso
Este está bem pago, reservado
Mando este recado gentil

Taças reluzentes marcadas com digitais
O fino lenço limpa com cuidado
Ardor ao reconhecer o passado
Cada rachadura o magoou

O amarelo dos dentes refletiu a amargura
Verde da cédula colorindo as mãos do encarregado
Era um leilão, sim, de fato
Onde está então a doçura?

De joelhos, implorou
Quadro de voluptuosas curvas deixaram levar
Lembranças de um momento de felicidade
O habilidoso comprou sua esposa, enfim
Era tarde demais para reclamar
Não cuidou porque não quis

sábado, 24 de julho de 2010

A parede

Pintar o grande vazio
Cores de luto e de solidão
O pintor, fraquinho
Deixou de lado os buracos
Grande inversão

Jovem triste e insatisfeito
O balde branco virou
Tingiu de ouro e fez arte
A mãe pouco resmungou

A brisa fraca, lá da praia
Aos poucos a tinta fez secar
Janelas pouco abertas
O vento fez questão de assobiar

O dinheiro em suas mãos pouco valiam
Instrumento deixou cair
A parede amarela não estava mais bonita
O borrão vermelho não quis sair
Sangue de inocente
Só um mendigo sem sorte

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A criança

Sentiu o perfume exalado por ele?
Azedo odor de excremento
Acúmulo em um pedaço de plástico ao relento
Resultado de uma verdadeira porcaria de criança

Vi os primeiros passos apressados
Queria correr pros braços
Da pior das meretrizes
Fez dela colo, gato, sapato
Completa satisfação

A baba no canto escorria
Quando via na vaca tetas
Leite, a pura magia
Nem a ama de leite o aguenta

Pudera ser tão anjo na escola
Mas a ilusão o guiava
Línguas para a professora todo dia
Mas na hora da apresentação, gaguejava

Resultado catastrófico no ar
Nem quero mesmo imaginar
Como seria essa figura, mais velha
Tentando dizer o que é amar

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Atípica

Suave sopro a reinar
Partículas suspensas pairando no ar
Lágrimas da torneira pingando
Copo d'água meio cheio
Hora dos sonhos regar

Eis na coloração adocicada o mais puro resultado
Voluptuosos brotos surgem das folhas, marcados
Essência rosada alegrando os lares
Simples beleza como essa, não há

Calmaria em exagero
Cômodo vazio, sombria visão
As folhas levemente sacodem
Eis a dança da solidão

Enclausurada beleza ou falta dela
Fatores de depressão
Onde está o pólen no ar?
Necessidade de fertilizar o coração

Ninguém mudará o fato
A delicada, simpática, murchou
O encanto foi derramado
Por quem fingiu o amor

Dorme em paz, oh verde feliz!
O sofrimento aos poucos passou
Nada tema, minha cara plantinha
Outra flor há de nascer
Mas nada como aquela que te fiz esquecer

terça-feira, 20 de julho de 2010

Atrás dele

Não, não vá embora!
O trem parte agora, apressado
Ao encontro dele precisa ir

Não, não estranhe a reação!
Os males não desejo a quem me agrada
Amizades devem ser valorizadas, então

Não, não há amargura em meus olhos!
O que sai de meus lábios não é ironia
Acredite no que lhe digo

Nas lembranças, o passado
O que se passou, passou
Agora vá! Não perca! Adeus!
Mas não esqueça nunca
Amizades verdadeiras não são esquecidas!



(baseado em um conto)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Frivolidade

Na calada da noite, o delírio do ser
Vísceras embrulhadas em um belo pacote
O asco tomando conta das entranhas

Artefatos encarecidos de qualidade ou valor
As intenções são as piores, perceptível
A mão no bolso quer levar
Observe a realidade com atenção

Uma grande máscara cobre
O que os olhos não vêem
Consequência de kilômetros

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Embriagados

O sensacionalismo de suas palavras
A utopia dos seus sonhos exalta
Nada revelam sobre o que os olhos saltam a realidade

Cacos de uma noite sem lembranças
Varridos, na pá, dejetos, sujeira
Uma coisa não se esquece
O resto, vira lixo

Nada mais atípico que uma garrafa no meio
Duas pessoas no meio da rua cambaleiam
Conceptismo claro em suas palavras
Uma hora verdades vêm a tona...enfim

domingo, 11 de julho de 2010

Resultado

Estou entrando em uma profunda conclusão que a vida é um caminho cheio de bifurcações, cheio de obstáculos, cheio de surpresas. Ao se ver em uma bifurcação, sempre paramos para refletir por conta da dúvida do que nos espera. A dúvida pode parecer sempre cruel, mas é natural de todos nós termos dúvidas, sendo que uns tem mais e outros menos.

Nada garante que você entrará em um caminho sem saída, no qual terá de passar pela mata densa para voltar ao caminho de antes. Nada garante também que você seguirá em um caminho asfaltado, belo, com flores e borboletas ao redor. É difícil saber ao certo o que nos aguarda. O certo mesmo é decidir pelo melhor dos e seguir em frente.

Viver é estar ciente dos riscos, mesmo que eles não pareçam tão claros no começo. Nossos caminhos são em grande parte tortuosos e cansativos, por isso devemos sempre manter o pique, antes que a distração e o cansaço tomem conta. Se você passou já por muitos caminhos tortuosos e seu pique parece inexistente, não desista. Olhe para dentro de você e veja que, mesmo com tantas decepções, tantos machucados, tantas angústias, tantos aborrecimentos, entre outros, continuará sendo você mesmo.

A vida é uma caixinha de surpresas, por isso, não custa tentar um novo caminho. Você não tem ideia do que pode estar mais a frente. Independente do que seja, vá. Vá e viva!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Adeus encanto!

Verde musgo na rocha repousa
Banhado no mais gosmento líquido
Talvez um leve oscular

No tronco das árvores, o pranto notável
A natureza chora
A lua não encontrou com o mar

Rajadas errantes
Trufões triunfantes
Então o musgo vem a abraçar

A rochosa criatura
Logo desperta a bravura
Mais um osculo gentil
Da delicada briófita juvenil

Uma leve brisa roubou o encanto
E desse fato naturalmente estranho
A pedra esfria
E a verde, sozinha, resolve cantarolar:

- Adeus encanto! Adeus encanto!
Que da pedra a brisa tirou
Adeus encanto! Adeus encanto!
O fogo do amor se apagou

My Hero

Se forma com um leve esforço de um coração partido
Rola no rosto do mais estranho ferido
Gota d'água salubre matando a sede de quem quer ver sofrer

A bondade em seus olhos transmitia
De sua boca, as palavras mais bonitas
Heroi de muitos, heroi feliz!

Prantos derramo quando lembro
De saudosa criatura
Melhor amizade não há
Desse orgulho nada morrerá!

Tanto tempo passou
Mas quem irá esquecer
Do mais brilhante dos homens?
Eu jamais! Sempre amarei você!



À Marcelo Dessaune, um dos maiores capixabas no qual tenho orgulho de chamar de avô.

domingo, 4 de julho de 2010

Skywalkers voltados

Não roubes a chama, ó estranho Prometeu
Preferes ficar no monte Cáucaso
E apodrecer junto de suas visceras carcomidas?

Queres mexer nas feridas
Como mexe o médico delicado
Na hora de abrir a barriga?

Pretendes chamar a atenção
Como uma criança mimada
Sentada no lance de escadas
Fazendo pirraça?

Preciso ouvir seu choro silencioso
Cair de desgosto
Partindo de um pressuposto
Do ser moribundo? Jamais!