sábado, 27 de agosto de 2011

No more pain

Algo voltava a brincar em minha mente. Risadas profanas conduziam a sujeita emocional para um profundo buraco. Em volta, comemoração. A carne foi jogada aos urubus. A dança debochada do caos invadia o recinto e confundia as informações dadas anteriormente por aquele olhar. Parada forçada na bifurcação. Tinha uma pedra no meio do meu caminho.

“Wish You The Worst” veio em minha mente e embalou a dança que me enlouquecia. A cena que as letras da música criavam era tão real que o susto aparentava ser inevitável. Mesmo assim, aquele sorriso tão familiar acabou servindo de lenha para uma fogueira de fumaça letal: a parte fantasiosa da mente. Tal sentimento era tão recente, tão fresco, mas acabou não fugindo do apertar acidental (ou seria proposital?) do botão “fantasiar momentos incríveis, mas aparentemente impossíveis de ocorrer”.

Ainda no clima decepção/dúvidas/fantasias, vagava sem rumo utilizando passos da dança grotesca (meu erro). O olhar de minha pessoa se chocou, em uma infeliz coincidência, com o de um ser que carregava grande porcentagem do ódio que existia em meu coração. Em segundos de olhares cruzados, senti a devolução do ódio que havia jogado no vento. A mente pesou, o coração ainda mais. O perfeccionismo saiu da escuridão, o pessimismo triplicou, a agonia alcançou uma grande dimensão.

Em meio ao caos provocado pelo retorno da porcentagem pesada do ódio, uma pergunta pairou no ar. Tal pergunta provocou um efeito espelho, em que eu parei, visualizei minhas imperfeições físicas e lamentei. “Por que logo ela?” Faço questão de jogar no ar e esperar uma resposta. Enquanto isso estarei defenestrando meus sentimentos. Chega.

domingo, 21 de agosto de 2011

Chá de Sumiço

O jejum de meses teria seu fim, disse a inspiração em discurso. A mente estava em festa, com soldadinhos loucos para estrearem seus novos materiais de trabalho. Aqueles soldados que minha saudosa matriarca disse que trabalhavam o tempo todo pareciam relaxados até demais. Em meio às falas de político da inspiração, as criaturinhas, trajando roupas características de turista, ouviam atentamente como se toda aquela baboseira fosse importante ao extremo para suas vidas. Eis que uma breve ausência de luminosidade tomou conta do recinto, obrigando o mais rabugento dos seres a consertar o gerador de energia. Com a volta da luz, horas depois, perceberam a ausência de algo no palanque. A inspiração havia sumido.
A ausência da tal especial inspiração provocou um vazio em minha mente. Todas as aquelas idéias para crônicas, contos, poemas, pareciam que não iam mais existir. Foram momentos frustrantes olhando para a linha do horizonte, para os carros em movimento, para o céu azul da Ilha do Mel, para meu irmão sorrindo ao ver que eu havia acordado e desejando um bom dia. Nestes e tantos outros momentos, as reflexões pareciam mais bagunçadas que as roupas em meu armário. As coisas em minha mente pareciam inúmeros ingredientes jogados no recipiente do liquidificador esperando para serem misturados e transformados em algo útil. Mas a lâmina cortante do tal recipiente não estava lá.
Farta da greve dos soldadinhos, minha pessoa acabou tomando as rédeas da investigação. Fui encontrar a inspiração em um cantinho frio, imundo, trajando trapos. O discurso de político havia se dissipado no ar junto do CO2 que saia com dificuldade de suas narinas. Ao chegar ao recinto onde começou a saga, carregando o antes desaparecido sujeito, uma surpresa: todos os elementos de minha mente estavam unidos, esperançosos, desde os soldadinhos até as reflexões sobre a falta de coisas do passado em minha vida. Foi então que conclui que a tal união era combustível para manter viva a chama da inspiração. Esta, também aparentando uma bela salada de frutas, era doce, mas um doce natural.